A quantidade de abelhas mortas em uma propriedade rural em Porto dos Gaúchos nos últimos dias tem causado preocupação aos apicultores do município.
O problema está ligado ao uso de agrotóxico nas lavouras. Quem vem sofrendo as consequências são os criadores de abelhas.
De centenas de culturas agrícolas utilizadas para produção de alimentos no brasil, grande parte delas são visitadas por essas abelhas polinizadoras, que são fundamentais na produção agrícola. O uso de agrotóxicos nas lavouras tem matado abelhas na propriedade do senhor Adolfo Frenzel, que fica a 17 quilômetros da zona urbana de Porto dos Gaúchos.
O apicultor que reside na propriedade a 48 anos, contou a reportagem que é a primeira vez que isso acontece, e atribui ao avanço da área de lavouras na região. Somente no mês de dezembro deste ano, ele relatou que por duas vezes teve perda de milhares de enxames que morreram.
O agricultor que sobrevive com a família tendo como fonte de renda principal o cultivo de hortaliças e a produção de mel, filmou no dia 21 de dezembro, momento em que um avião agrícola passa muito próximo a propriedade aplicando agrotóxicos. Horas depois no mesmo dia, registra abelhas agonizando próximo as colmeias.
As imagens são impressionantes. São milhares de abelhas exterminadas em questão de poucas horas. “Eles passaram veneno de manhãzinha, aí depois choveu…logo depois pedi pro meu esposo ir olhar as abelhas e ele já encontrou essa situação que filmamos”, contou a esposa do agricultor que também presenciou a cena.
Adolfo disse que já informou as autoridades sanitárias do ocorrido na propriedade, e espera que uma solução adequada pra todos seja tomada. Ele também conversou com os donos das lavouras próximas, que se mostraram dispostos a buscarem juntos uma solução para amenizar o problema.
O fato ocorrido em sua propriedade não é o primeiro caso em Porto dos Gaúchos. Apicultor de outra propriedade próxima a cidade também já perdeu abelhas devido ao agrotóxico, conforme contou o senhor Adolfo.
A mortandade de abelhas causada por agrotóxicos usados em lavouras vem sendo registrada em várias partes do Brasil nos últimos anos. Em Santa Catarina em 2019, cerca de 50 milhões de abelhas morreram envenenadas por agrotóxicos, que neste caso foi um inseticida proibido em diversos países e letal as abelhas. Isso geralmente acontece devido ao uso indiscriminado de agrotóxicos, especialmente em áreas próximas a locais onde a produção de abelhas.
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O extermínio das abelhas ameaçaria a sobrevivência da humanidade
Sem abelhas não há polinização; sem polinização não há reino vegetal; e sem o reino vegetal toda a vida no planeta entra em colapso, inclusive a espécie humana e seus sistemas econômicos. Como alertava Einstein “se as abelhas desaparecerem da face da Terra, a humanidade terá apenas mais quatro anos de existência. Sem abelhas não há polinização, não há reprodução da flora, sem flora não há animais, sem animais, não haverá raça humana.”
Segundo estudo da FAO, agência da ONU para alimentação e agricultura, publicado em 2020, cerca de 20 mil espécies de abelhas polinizam 71 dos 100 principais vegetais alimentícios cultivados pelo homem. A ação desses insetos gera US$ 30 bilhões anuais ao setor agropecuário.
Mais de 90% das espécies de plantas tropicais com flores e cerca de 78% das espécies de zonas temperadas dependem, pelo menos em parte, da polinização das abelhas, com ou sem ferrão.
Fonte: Porto Noticias
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Referencias: FAO, Safeguarding pollinators and their values to human well-being, Potts, S. G. et al.
Leia mais em: https://super.abril.com.br/coluna/oraculo/o-que-acontece-se-as-abelhas-forem-extintas/
