Segundo mais votado em Mato Grosso na disputa pela Câmara Federal, Abílio Junior (PL) pode ter os mais de 87 mil votos que recebeu anulados caso o Tribunal de Justiça acate recurso ingressado pela Prefeitura de Cuiabá. A Procuradoria do Município contesta a liminar que o tornou elegível no pleito deste ano ao suspender a decisão emitida em primeira instância que cassou seu mandato como vereador e o tornou inelegível por oito anos, prazo que começou a contar em 2020.
Abílio, então, concorreu no pleito sub judice e o mérito do recurso interposto por ele, que lhe rendeu uma decisão favorável, ainda será julgado – assim como o recurso da Prefeitura. Caso haja uma “virada” no jogo, os votos recebidos pelo ex-vereador seriam anulados e, com isso, o partido dele também sofreria, perdendo uma das quatro cadeiras asseguradas até então na bancada.
O MDB, por sua vez, seria beneficiado. Isso porque o próximo na lista dos que não foram eleitos a ser puxado pela quantidade de votos que a legenda recebeu seria o cacique do MDB, Carlos Bezerra, que neste ano não conseguiu assegurar a sua reeleição. Ele recebeu 45.358 votos.
“Perseguição política”
A defesa de Abílio classificou como “perseguição” o recurso interposto pela Procuradoria de Cuiabá, que estaria atuando a favor do inimigo político do ex-vereador, o prefeito de Cuiabá Emanuel Pinheiro (MDB).
Segundo o advogado Alexandre Cesar Lucas, o Município recorreu da liminar conquistada por Abílio para disputar o pleito faltando apenas 15 dias para a eleição, o que é visto com “estranheza”, principalmente depois da Prefeitura, nos mesmos autos, já ter requerido a sua exclusão da lide por entender que no polo passivo da ação, apenas a Câmara Municipal deveria figurar.
“Portanto, não é razoável que o Munícipio de Cuiabá, que vem a todo tempo pedindo sua exclusão dos autos, por nada ter a ver com a questão, vir agora agravar de um tema que nada lhe afeta”, salientou o advogado.
Alexandre ainda destacou que Abílio vem sofrendo perseguição política frequente, tendo esta se iniciado quando atuava na Câmara de Cuiabá fiscalizando os atos do Executivo, já à época sob Emanuel Pinheiro, a quem a defesa acusa que, à época, “manipulava sua base de apoio na Câmara Municipal como verdadeiros fantoches, o que faz parte do ‘jogo’ político’”.
“O que não se pode permitir como parte do ‘jogo político’ é o uso da máquina pública municipal e suas estruturas administrativas subordinadas ao prefeito municipal como instrumento de expectativa de aliados políticos reprovados pela sociedade nas urnas, o que nos parece estar ocorrendo no caso em tela”, apontou.
“Creio em Deus”
À imprensa, Abílio também se manifestou sobre o caso nesta semana, disse que “confia em Deus” e criticou Emanuel – a quem ele acusa de ter “enrolado todo mundo” para tentar garantir a reeleição do filho, o deputado federal Emanuelzinho (MDB).
“Parece ser um ato de desespero do prefeito, porque não foi nem a própria Câmara que entrou com esse ato, foi o procurador da Prefeitura. Parece ser algum ato vingativo do Emanuel ou tentativa de desesperada de tirar a gente de lá”, disse.
Lislaine dos Anjos/RD News