O presidente da Rússia, Vladimir Putin, anunciou nesta quarta-feira (21) uma “mobilização parcial” dos russos em idade de combater na Ucrânia e advertiu o Ocidente que o país está disposto a utilizar “todos os meios” em sua defesa.
“Isto não é um blefe”, declarou Putin, que acusou os países ocidentais de querer “destruir” a Rússia e por uma “chantagem nuclear” contra seu país, dando a entender que suas forças estariam dispostas a utilizar armamento nuclear.
Diante das contraofensivas relâmpago das forças ucranianas, que provocaram o recuo do Exército russo, Putin optou por uma escalada no conflito, com uma medida que abre o caminho para o envio de mais militares russos à Ucrânia.
Após o anúncio, na terça-feira (20), da organização de “referendos” de anexação de quatro regiões do leste e do sul da Ucrânia a partir de sexta-feira (23), as declarações do presidente russo marcam uma mudança no conflito, iniciado em 24 de fevereiro.
“Considero necessário apoiar a proposta (do Ministério da Defesa) de mobilização parcial dos cidadãos na reserva, aqueles que já serviram (…) e que têm experiência pertinente”, declarou Putin em um discurso gravado e exibido nesta quarta-feira na televisão.
“Estamos falando apenas de uma mobilização parcial”, insistiu o presidente russo. Nos últimos dias, os rumores sobre uma mobilização geral provocaram preocupação entre muitos russos.
O ministro da Defesa do país, Serguei Shoigu, explicou que a ordem envolve 300 mil reservistas, o que, em suas palavras, representa apenas “1,1% dos recursos que podem ser mobilizados”.
A ordem é efetiva a partir desta quarta-feira, segundo o presidente russo. O decreto foi publicado pouco depois da exibição do discurso no portal do Kremlin.
Mikhailo Podolyak, conselheiro do presidente ucraniano, Volodmir Zelenski, ironizou a medida.
“Tudo isso continua seguindo de acordo com o plano, certo? A vida tem um grande senso de humor”, escreveu no Twitter.
“210º dia da ‘guerra de três dias’. Os russos que pediam a destruição da Ucrânia acabaram com: 1. Mobilização. 2. Fronteiras fechadas, bloqueio das contas bancárias. 3. Prisão por deserção”, acrescentou Podolyak.
A embaixadora dos Estados Unidos na Ucrânia, Bridget Brink, afirmou que a medida representa um “sinal de fraqueza” de Moscou, que precisa lidar com uma escassez de militares em sua ofensiva na Ucrânia, que nesta semana completa sete meses.
O Reino Unido seguiu a mesma linha. O secretário britânico de Defesa, Ben Wallace, afirmou que a decisão de Putin mostra que sua ofensiva “está falhando” e destacou que “a comunidade internacional está unida, enquanto a Rússia está virando um pária global”.
R7