A imprensa francesa desta sexta-feira (10/02) analisa a visita do presidente Lula aos Estados Unidos. O chefe de Estado brasileiro chegou a Washington na quinta-feira (09/02), onde se encontra com Joe Biden, “dois presidentes comprometidos com a reparação de democracias danificadas”.
O primeiro tema das discussões deve ser as tentativas de insurreição nos dois países: uma durante a invasão do Capitólio por trumpistas, há dois anos, a outra durante uma ofensiva lançada há um mês por bolsonaristas radicais contra as sedes dos três poderes em Brasília, especula o jornal Les Echos.
Devido às ligações entre os ex-presidentes Donald Trump e Jair Bolsonaro, o interesse de Biden seria de consolidar a relação com Lula e restaurar os diálogos bilaterais entre os países, abalados durante o governo de Bolsonaro, após a derrota de Trump.
O jornal La Croix concorda que a viagem tem o objetivo de relançar as conexões entre Brasil e Estados Unidos. De acordo com a publicação, temas para discussão não faltam, desde a radicalização da extrema direita nos dois países à emergência ecológica na Amazônia, passando por uma certa ambiguidade do Brasil na cena internacional, principalmente sobre a posição de Lula sobre a invasão da Ucrânia pela Rússia.
Para o site da CNews, os encontros recentes de Lula com líderes da Argentina, Alemanha, França e, agora, dos Estados Unidos, formam um “giro democrático que visa dar de novo ao Brasil o status de nobreza na cena internacional”, depois do mandato de Bolsonaro, quando “o diálogo com as nações estrangeiras foi bem limitado”.
Outro encontro bilateral que ganha destaque no Les Echos é o do presidente brasileiro com a ministra de Relações Exteriores francesa, Catherine Colonna. Durante uma passagem rápida por Brasília, de apenas 48 horas, a representante do governo francês manifestou o “prazer de reencontrar” o Brasil, “um parceiro como nós gostamos”, afirmou. Colonna também falou da ambição da França em “lançar uma nova dinâmica” entre os países e “buscar convergências”.
De acordo com Les Echos, Lula se transformou em um aliado tão importante, que a diplomacia francesa minimiza as divergências sobre a Ucrânia. O jornal ainda ressalta que houve poucos progressos sobre o acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul, e ainda menos sobre a adesão do Brasil à OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico).