Em 2021, Mato Grosso devastou uma área de 1.504 quilômetros quadrados (km²) da floresta amazônica, o que representa um crescimento de 38% se comparado a 2020, quando 1.088 km2 foram destruídos. Essa extensão fez com que o Estado ocupasse a terceira posição no ranking de desmatamento dentre as nove unidades da Federação que fazem parte da Amazônia Legal e tivesse o segundo maior aumento em relação ao ano anterior.
Os dados são do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), que monitora a região por meio de imagens de satélites. Segundo o Imazon, a floresta amazônica teve, em 2021, o seu pior ano em uma década.
Em toda a região, de janeiro a dezembro passado, foram destruídos 10.362 km² de mata nativa. Apenas em relação a 2020, ano em que o desmatamento na Amazônia já havia ocupado a maior área desde 2012, com 8.096 km² de floresta destruídos, a devastação em 2021 foi 29% maior.
Líder histórico, o Pará manteve a primeira colocação, em 2021, no ranking com 4.037 km² derrubados, 39% do registrado em toda a região. Segundo estado que mais desmatou, o Amazonas passou de 1.395 km², em 2020, para 2.071 km² em 2021. Já Rondônia (1.290 km²) e Acre (889 km²) ocuparam a quarta e a quinta colocação.
Ainda em Mato Grosso, os dados do Imazon mostram que 471 km2 da floresta foram destruídos, em 2012. Desde então, essa área vem aumentando com alternâncias para mais ou para menos ao longo dos últimos anos. Em 2013, foram 373 km2 devastados. Já em 2018, a área desmatada atingiu 1.229 km2 e, em 2019, houve uma redução, com 997 km2 de mata derrubados.
DEZEMBRO – Levando em consideração somente o mês de dezembro de 2021, o SAD detectou 140 km de derrubada em toda a floresta, uma redução de 49% em relação a dezembro de 2020, quando o desmatamento somou 276 quilômetros quadrados. Mato Grosso teve 37 km2 destruídos no mesmo período, respondendo por 27% do total de destruição.
O Estado só perde para o Pará (32%). Após, vem Rondônia (16%) seguido de Roraima (14%), Maranhão (5%), Amazonas (4%), Acre (1%) e Tocantins (1%). Contudo, Mato Grosso também teve uma redução (-29) se comparado a dezembro de 2020, quando foram derrubados 52 km2. Dentre os 10 municípios mato-grossenses considerados mais críticos, quatro são de Mato Grosso, sendo eles, Confresa, Tabaporã, São José do Rio Claro e Ribeirão Cascalheira.
Para o Imazon, apesar do mês de dezembro ter apresentado uma redução de 49% no desmatamento, passando de 276 km² em 2020 para 140 km2 em 2021, o recorde negativo anual é extremamente grave diante das consequências dessa destruição.
Entre elas estão a alteração do regime de chuvas, a perda da biodiversidade, a ameaça à sobrevivência de povos e comunidades tradicionais e a intensificação do aquecimento global. “Para combater o desmatamento, é necessário intensificar a fiscalização, principalmente nas áreas mais críticas. Aplicar multas e embargar áreas desmatadas ilegalmente”, frisou, por meio da assessoria de imprensa, a pesquisadora do Imazon, Larissa Amorim.
Em dezembro de 2021, a maioria (71%) do desmatamento ocorreu em áreas privadas ou sob diversos estágios de posse. O restante foi registrado em assentamentos (24%), unidades de conservação (4%) e terras indígenas (1%). No mês de dezembro de 2021 não houve detecção de florestas degradadas na Amazônia Legal.
Diário de Cuiabá