A busca do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pelo apoio do agronegócio em Mato Grosso pode dividir os petistas. O deputado estadual Valdir Barranco, presidente do Partido dos Trabalhadores em Mato Grosso, defende a iniciativa. Já o colega parlamentar Lúdio Cabral destaca que não faz sentido se aliar com os barões do setor.
Conforme publicado pelo jornal Folha de S. Paulo, Lula da Silva e seu vice na chapa, o ex-governador Geraldo Alckmin (PSB), estão apostando no ex-ministro Blairo Maggi e no ex-deputado federal Nilson Leitão para conquistar votos do setor do agronegócio em Mato Grosso e no país.
No entanto, já há previsão que o setor esteja fortemente alinhado com o presidente Jair Bolsonaro (PL) e não deve ceder ao petista, mesmo com Alckmin na chapa.
Barranco afirma que o Diretório do PT em Mato Grosso não foi chamado para entrar em diálogo com o agronegócio do Estado e que a iniciativa das discussões estão sendo tocadas pela executiva nacional do partido.
“Essa conversa com o agro é muito acima de nós. Eu não trato com eles. Provavelmente se nós formos demandados, no momento oportuno, nós participaremos. Mas, por enquanto, se há alguma conversa está acontecendo [com a executiva nacional do PT]. O ex-presidente Lula, dada a condição das personalidades que estão envolvidas, fará com certeza participação pessoal. Gleisi me ligou sexta e realmente me falou que eles farão esse contatos”, diz.
O parlamentar aponta que Lula quer a participação de todos os atores políticos e econômicos na eleição e afirma que não dá para desprezar os nomes de Blairo e Leitão para fazer essa interlocução.
“Não é um projeto só dele, do partido; ele quer um movimento. E, nesse movimento, todos que tiverem com interesse de colaborar para que podemos superar essa fase terrível que estamos vivendo, é bem-vindo. O agronegócio, nós não podemos negar, contribui muito com a economia. Isso é muito importante”.
Diz que a discussão do modelo de agronegócio a ser desenvolvido no país, centro sensível para debate entre os produtores rurais, pode ficar para depois das eleições.
O deputado estadual Lúdio Cabral (PT) concorda com Barranco que Lula busca construir uma ampla coalizão que possa levá-lo de volta à Presidência da República. “Nesse sentido, ele está buscando diálogo com vários setores da sociedade e da economia”, diz.
Logo em seguida, no entanto, Lúdio diz que não faz sentido uma aliança com os barões do agronegócio.
“O nosso papel é enfrentar as tremendas injustiças que temos em Mato Grosso de natureza tributária e de isenções fiscais para determinados setores econômicos sem contrapartida. Isso significa que o nosso projeto em Mato Grosso é alternativo ao projeto defendido pelos barões do agronegócio e não tem sentido, em Mato Grosso, uma aliança com esse setores”, finaliza.