Enquanto o governo federal comemora não haver bloqueio de rodovias pelo país, os representantes dos caminhoneiros dizem que as manifestações existem, com a paralisação de ao menos quatro portos nacionais. O Ministério da Infraestrutura, no entanto, diz que não há bloqueio em nenhum porto.
O presidente da Abcam (Associação Brasileira de Caminhoneiros), José da Fonseca Lopes, afirmou que “há bloqueio nos portos de Santos, do Recife, do Espírito Santo e da Bahia”. A entidade diz ter 600 mil associados e ser contrária à greve. Segundo o Ministério da Infraestrutura, o número global de caminhoneiros autônomos no Brasil é de 750 mil. Os manifestantes não chegam a representar nem 10% desse montante.
“Não tem paralisação nenhuma, tem bloqueio. Tem um grupo das áreas portuárias que não está deixando os caminhoneiros trabalhar”, afirma Fonseca Lopes.
No boletim do Ministério da Infraestrutura divulgado às 12h, a Pasta descarta problemas nos portos e reforça, como fez em outros três boletins na manhã desta segunda, que não há paralisação em nenhuma rodovia federal do país.
“Resta um único ponto de concentração, no quilômetro 276 da BR-116/RJ [Dutra], no município de Barra Mansa. Sem bloqueio e sem abordagem a caminhoneiros que seguem viagem”, afirma o ministério na nota à imprensa.
Briga judicial
A orientação da Abcam aos caminhoneiros hoje é evitar os portos e esperar para ver como estará a situação na quarta-feira (3). “Hoje é véspera de feriado, e amanhã estará tudo parado. Então hoje é melhor ficar em casa.”
O dirigente afirma que os grupos que defendem a greve não entendem que é, segundo ele, inconstitucional exigir da Petrobras que baixe o preço do óleo diesel. “O problema é mundial, nós temos o frete tabelado, só que a maioria [dos caminhoneiros] está aí nessa ilusão.”
Mais cedo, a CNTTL (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transporte e Logística), uma das organizadoras da greve, divulgou em seu Twitter paralisação no porto de Santos e em uma rodovia de Ijuí (RS).
Também estão por trás dos protestos o CNTRC (Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas), a Abrava (Associação Brasileira de Condutores de Veículos Automotores) e o Sindicam (Sindicato dos Transportadores Rodoviários Autônomos de Bens da Baixada Santista e Vale do Ribeira). Todas as entidades foram procuradas pelo R7, mas não se posicionaram até a publicação desta reportagem.
A falta de bloqueios pode ser explicada em parte pelas vitórias do governo federal na Justiça no fim de semana – foram obtidas liminares que impediam a paralisação em determinados pontos do país.
No total, foram concedidas 29 liminares que estabeleciam multas aos caminhoneiros que descumprissem a decisão.
O líder da greve dos caminhoneiros de 2008, Wallace Landim, o Chorão, afirma que a categoria trabalha para derrubar no STF (Supremo Tribunal Federal) as liminares conquistadas pelo governo para impedir a paralisação.
R7