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Lula elogia o “partido político forte” da ditadura chinesa e faz críticas aos EUA

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O ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva disse que a existência do PCC (Partido Comunista Chinês) faz com que a China tenha “poder e um governo fortes”. Segundo o petista, a competência chinesa incomoda outros países desenvolvidos, como os Estados Unidos.

A China é capaz de lutar contra o coronavírus tão rapidamente porque tem um partido político forte e um governo forte, porque o governo tem controle e poder de comando. O Brasil não tem isso, nem outros países”, declarou em entrevista ao jornal chinês Guancha.

Lula afirmou que a China “estabeleceu um modelo de desenvolvimento para o mundo inteiro” e disse esperar que os países aprendam com o exemplo chinês.

Se precisamos cooperar com a China, devemos estabelecer uma parceria estratégica com a China, assim como eu fiz quando era presidente. Se for necessário cooperar com a Rússia, cooperaremos com a Rússia”, falou.

Estive em Xangai e Pequim. Pode-se dizer que o progresso do povo chinês nas últimas duas décadas foi de tirar o fôlego. E isso pôde ser alcançado por causa da organização política da China, por sua forte competitividade, cultura, grande quantidade de investimento e conhecimento científico e tecnológico.

O petista afirmou que, quando estava no comando do Brasil, manteve estreita relação com o Hu Jintao, que governou a China de 2003 a 2013. Lula disse ter trabalhado para não “mais depender dos países desenvolvidos”.

É uma pena que não tenhamos conseguido, mas ainda tenho muita confiança e esperança. Acredito que podemos fazer isso a partir de 2022”, declarou.

Tenho boas lembranças do relacionamento que estabelecemos com a China. Embora o país seja o maior parceiro comercial do Brasil, na verdade, nosso atual governo não respeita a China e não a trata como parceira, porque o governo só vê o Estados Unidos e não China”, afirmou.

Não estou dizendo que temos que ter desavenças com os Estados Unidos. Devemos manter um bom relacionamento com os norte-americanos, mas quero manter o mesmo relacionamento com a China. Também quero manter o mesmo relacionamento com a Rússia, com a Nigéria, Angola, África do Sul e Malásia.”

O ex-presidente se disse “muito interessado” na China. “Quero me manter em contato com o Partido Comunista, e manter contato com muitos amigos que fiz” quando estava no governo.

ESTADOS UNIDOS
O ex-presidente afirmou que o poder da China faz com que países como os Estados Unidos temam perder influência mundial.

“A China está se desenvolvendo. Hoje, a China se tornou um dos países com maior produto interno bruto do mundo, e a economia chinesa superou a dos Estados Unidos. Agora eles [norte-americanos] também estão preocupados com o desenvolvimento da China no campo de armamentos e aeroespacial”, disse Lula.

Segundo o petista, o Departamento de Justiça dos Estados Unidos instruiu os promotores norte-americanos a participarem de ações judiciais contra ele. “A única explicação que consigo encontrar para isso é porque o Brasil estava se tornando um importante player internacional”, falou.

“Essa é a explicação que encontrei para o impeachment da presidente Dilma Rousseff, minha prisão e as várias mentiras fabricadas contra o PT. A única explicação que posso encontrar é esta. Os Estados Unidos estão sempre intervindo na política latino-americana, são os responsáveis pelos golpes no Brasil, Chile, Uruguai e Argentina.”

CENÁRIO POLÍTICO
Lula disse acreditar que a política mundial está passando por um momento de transformação.

“A direita, que ocupa um espaço muito grande, é radical há muito tempo. O comportamento de Trump nos Estados Unidos e o comportamento do presidente Bolsonaro no Brasil são mais ou menos como o surgimento do fascismo na Itália e do nazismo na Alemanha. Esses ditadores não querem discutir com pessoas que têm ideias diferentes das suas e não acreditam em seu próprio poder”, declarou.

“O que está acontecendo agora? As pessoas descobriram que somente elas mesmas têm a capacidade de estabelecer o estado soberano livre de que precisam”, disse.

“Felizmente, a Bolívia e a Argentina voltaram ao governo de esquerda, no Chile o povo votou em larga escala na Assembleia Constituinte, marginalizando gradativamente a direita. Agora estamos vendo o que aconteceu no Peru, acho que vai acontecer o mesmo no Brasil.”

Os peruanos foram às urnas em 6 de junho e elegeram o esquerdista Pedro Castillo como novo presidente do Peru. Ele derrotou a candidata de direita Keiko Fujimori.

Poder 360

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