No último mês, o jornalista José Marcondes, o “Muvuca”, foi até a farmácia de sua ex-namorada Nádia Mendes Vilela, em Tangará da Serra (a 240 km de Cuiabá), ao menos 5 vezes. Visitas deixavam os funcionários, que sabiam das crises de ciúmes e do histórico violento do homem, apreensivos.
Nesta terça (29), um dia depois de o jornalista tentar matar a ex-namorada e, em seguida, cometer suicídio, a auxiliar de limpeza de 25 anos que presenciou o crime conversou com o RDNews. Ela disse estar com problemas para esquecer o que chamou de “momentos de terror”.
“A cena fica se repetindo na minha cabeça, de eu ver ela com os olhinhos arregalados implorando para não morrer quando ela pediu por ajuda. E ver ele também agonizando no chão daquela forma foi muito difícil”, disse.
Imagens do circuito de monitoramento da farmácia registraram o momento em que Muvuca chegou ao local. Aparentemente calmo, com fone de ouvido, ele esperou que Nádia terminasse de atender um cliente para, em seguida, chamá-la para conversar em uma sala reservada. Além dos dois, a auxiliar de limpeza era a única que estava no local.
“Eu estava no refeitório tomando um café. Eu não vi quem entrou com ela na sala, mas ouvi os dois conversando. Eles conversaram um pouquinho mais exaltados que o normal, mas eu saí da sala para não ficar como bisbilhoteira e fui em direção à frente da farmácia”, contou.
Ajuda
Quando Nádia deu o primeiro grito, a funcionária saiu em busca de ajuda. Ela relatou que achou que a mulher estivesse sendo vítima de violência doméstica, mas que conseguiria voltar a tempo de ela não apanhar mais. Em uma padaria nas proximidades, ela encontrou um grupo de homens e pediu por socorro.
“Eu disse para eles que estavam batendo na minha patroa, mas quando eu estava voltando e parei no sinal, eu ouvi os disparos. Eu ouvi mais ou menos uns 4 disparos, mas eu acredito que possa ter sido até mais. Quando eu cheguei na frente da farmácia eu já me deparei com ela no chão. Ela me pediu por ajuda e quando eu peguei na cintura dela eu já senti sangue”, relatou.
Mesmo tendo sido atingida por três tiros, empresária ainda estava consciente. Foi ela quem acenou para que um carro parasse e a levasse até um hospital. Por coincidência, motorista era cunhado da auxiliar de limpeza e transportou Nádia até a unidade de saúde. Funcionária, por outro lado, ficou no local até a chegada da Polícia Militar (PM) e do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).
“Quando eu voltei ele estava agonizando no chão. A primeira impressão era de que ele estava imóvel, mas depois vi que ele começou a agonizar a respirar. É difícil você ver aquela cena e ver que a pessoa ainda está viva daquela forma. Tinha resquício de massa encefálica no chão, se eu estivesse em um dia normal acredito que a minha pressão tinha baixado, mas na adrenalina do momento eu ainda fiquei em pé por muito tempo”.
Relacionamento abusivo
Mesmo não sendo íntima de Nádia, a auxiliar de limpeza sabia que ela vivia um relacionamento abusivo e que Muvuca, muitas vezes, demonstrava um ciúme excessivo. Namoro durou cerca de 4 meses, mas foi interrompido por iniciativa da mulher, que se viu presa e impedida de executar atividades cotidianas.
“Se ela trocasse a foto do perfil [das redes sociais] dela, ele já falava que ela estava querendo se mostrar, se ela fosse fazer uma propaganda da farmácia mostrando um medicamento, ele falava que não tinha a necessidade daquilo. Ele apertava ela de uma forma chata e incomodava, então não tinha mais como ela prosseguir com aquela relação”, contou.
Quadro de saúde
Muvuca morreu na noite de segunda (28) depois de uma cirurgia. Nádia passou por três operações e está em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital e Maternidade de Santa Ângela. Quadro, apesar de grave, é estável.
Conforme já noticiou o RDNews, empresária está reagindo bem aos procedimentos, mas uma bala ainda está alojada no pulmão e um dreno foi instalado para retirar a hemorragia.
RD News