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“O agronegócio merece Lula presidente”, diz senador Fávaro

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O senador licenciado Carlos Fávaro (PSD-MT) afirmou que o agronegócio teve um “salto de possibilidades” durante o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Em entrevista ao Poder360, disse que o setor “merece” um novo governo petista para voltar a crescer no país.

“Eu tenho certeza que o Brasil precisa e o agronegócio merece de novo o Lula presidente para fazer crescer, gerar oportunidade e riqueza nesse país”, disse o senador licenciado desde junho.

Em julho, Fávaro participou de reunião com Lula e Geraldo Alckmin (PSB) acompanhado do deputado Neri Geller (PP-MT). Tanto Fávaro quanto Geller integram a bancada ruralista do Congresso Nacional. O político já foi vice-presidente da Aprosoja (Associação dos Produtores de Soja), hoje dominada por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL).

Agora, o ruralista será o coordenador da campanha petista em Mato Grosso e junto a Geraldo Alckmin, vice na chapa com Lula, será responsável por dialogar com o agronegócio. O ex-governador de São Paulo recebeu a incumbência de se aproximar do setor

Segundo o senador, a aproximação foi um pedido de Lula. O companheiro de chapa do petista deve iniciar uma agenda com produtores rurais, além de representantes pecuaristas e de outros setores do agronegócio. É esperado que no fim do mês o candidato à

“Vamos começar aqui por Mato Grosso. As entidades da classe aqui já estão sendo contactadas e vão nos receber. Nós vamos fazer uma prestação de conta de tudo aquilo que o governo Lula fez no seu período como Presidente da República e falar um pouco do futuro e do que pensamos para agricultura ou para o agronegócio e economia social”, disse Fávaro.

O nome de Lula ainda enfrenta resistência de produtores rurais no Estado. Uma nota divulgada pelo Sindicato Rural de Primavera do Leste e assinada por outros 13 sindicatos do Estado, repudia a aproximação dos políticos com o ex-presidente. Mesmo com a manifestação, o senador avaliou que não terá dificuldades em dialogar e se aproximar do setor.

“Nós recebemos nota de repúdio de 14 sindicatos rurais aqui do Estado de Mato Grosso, lembrando que tem 90 sindicatos rurais aqui. Será que esses outros que não fizeram concordam com a nota de repúdio? Eu recebi a ligação do presidente de um sindicato que assinou a nota de repúdio dizendo: ‘Olha, eu tive que assinar porque fui pressionado por vários membros do sindicato rural, mas reconheço o presidente Lula como um grande Presidente’”, disse.

A aproximação do partido com o MST (Movimento Sem Terra) também não é uma complicação para o ruralista, que disse defender a reforma agrária em terras públicas e privadas, mas sem “invasão”. “Temos que democratizar e ampliar o número de famílias no campo”, disse.

Leia trechos da entrevista:

Poder360 – Recentemente o senhor foi confirmado como coordenador da campanha do ex-presidente Lula em Mato Grosso. Quais dificuldades o senhor avalia que o ex-presidente terá para conquistar eleitores no Estado que tem uma base bolsonarista forte?

Carlos Fávaro – Primeiro, é importante dizer que a eleição nada mais é do que um momento onde o candidato se apresenta e busca tocar no coração das pessoas um sentimento de que, no futuro, quando tiver no teu mandato, possa fazer a vida das pessoas melhor. Isso ocorreu lá em 2002, quando o presidente Lula foi candidato e venceu as eleições. Ele conseguiu levar essa mensagem de esperança à população brasileira. E ocorreu também em 2018, com o presidente Bolsonaro. Ele foi candidato e levou essa mensagem de esperança ao coração das pessoas que o fizeram presidente da República. Agora, em 2022, nós temos um novo componente. Além de buscar a confiança, a esperança das pessoas de dias melhores, nós vamos poder comparar os 2 mandatos. Afinal de contas, os 2 foram presidentes. E foi ao fazer essa comparação que eu vi que é inesgotável, muito maior as realizações feitas pelo presidente Lula no seu período como presidente. E por isso eu quero dar voz a tantos outros que se sentem oprimidos, reprimidos por uma milícia digital, por verdadeiros talibãs que não aceitam discorrer, discordar dos seus posicionamentos. Eu respeito quem quer continuar votando no presidente Bolsonaro, mas eu vou levar ideias, fatos que já aconteceram posicionamentos, como era o Brasil no tempo do Lula, como é o Brasil hoje. E certamente isso vai ter uma repercussão, não só no agronegócio, mas em toda a população mato-grossense, que já começa a dar sinais de que aqui não é um Estado bolsonarista, aqui é um Estado que está polarizado. Mais ou menos 50% para cada um, e nós vamos ganhar as eleições também no Estado de Mato Grosso.

Qual o papel específico que o Alckmin terá nesse diálogo? Essas agendas já estão marcadas, mas o que que ele pode acrescentar nesse diálogo com esse setor importante da economia brasileira e por quê ele foi escalado para esse papel?

Olha, porque nós temos que maximizar a campanha. Não dá para os 2 estarem no mesmo lugar, ao mesmo tempo. Hoje estão caminhando juntos nos eventos, mas vai chegar em um determinado ponto no

começo da campanha efetivamente que um tem que estar em uma agenda e outro tem que estar em outra. E o Alckmin já tem uma vocação de tratar com empresários, já lidou com o agronegócio paulista, já lidou com o agronegócio brasileiro. Ele é uma pessoa muito querida, então ele começa a fazer agenda. Mas isso não significa que em determinadas agendas o presidente Lula não possa participar, e já vou lhe adiantar, ele também vai participar de agendas com setores do agronegócio brasileiro.

Quais setores do agronegócio apoiam o Lula? Dá para dividir, explicar que parte do agronegócio apoia o ex-presidente e qual é o tamanho que representa no setor?

Vou dizer com toda a franqueza: aquele agronegócio moderno, que quer produzir com sustentabilidade; aquele agronegócio que não aceita o desmatamento desenfreado da Amazônia; aquele produtor que não aceita nas suas propriedades ou na sua atividade que não tenha boas práticas sociais com os colaboradores, com as famílias dos seus colaboradores; aquele produtor e aquele pecuarista que querem uma agricultura cada vez mais moderna, ‘high tech’, tecnológica, de vanguarda, com pesquisa. E tudo isso, nós provamos esse sabor a partir de 2002, com o presidente Lula como presidente. Foi lá no seu governo que foi criada a CTNBio [Comissão Técnica Nacional de Biossegurança] para poder regulamentar o uso dos transgênicos no Brasil. Até então, eram só ‘japiradiada’ da Argentina, que vinham contrabandeadas para o Brasil, para plantar soja transgênica. Não tinha regulamentação. Hoje, o nosso CTNBio é reconhecido mundialmente como uma entidade pública que certifica a qualidade e a segurança dos transgênicos, quer seja para  o consumo humano como também para o meio ambiente, e garantiu um incremento gigante de produtividade gerando uma oferta a mais de alimento. Então o código florestal, que foi aprovado no período do PT na presidência, os planos safra cada vez maiores que foram incorporados com mais recurso e com taxa de juros cada vez menores, esse conjunto de produtores que viveram esse ‘boom’ que fez o Brasil sair de 80 milhões de toneladas para 300 milhões de toneladas, serão certamente os produtores que vão estar atentos e vão apoiar independente da sua atividade. Se planta soja, milho, algodão, laranja, café, se cria gado de leite, se cria ovinocultura, se é pecuarista. Aqueles que são conscientes, que querem o progresso sustentável, serão eleitores do presidente Lula.

O PT apoia o MST, o movimento dos sem terra. Os senhores já discutiram como se dará a relação do agronegócio com esse tipo demovimento? Já foi conversado sobre isso com a campanha?

Claro que sim. Eu por exemplo sou fruto de uma reforma agrária. Eu cheguei em Mato Grosso há quase 40 anos em um assentamento de reforma agrária. Meus pais tinham uma pequena propriedade no norte do Paraná, 3 filhos, e precisavam de um pedaço de terra um pouco maior para continuar exercendo a nossa vocação de produzir alimento, e esse pedaço de terra foi exonerado aqui em Mato Grosso, em um

assentamento de reforma agrária. Eu sou a favor da reforma agrária em terras públicas, desde que se estabeleça os critérios: sem invasão, sem baderna, sem confusão. Que escolha gente vocacionada, que têm investimentos, que têm infraestrutura para que aquele homem e mulher que moram no campo possam produzir alimentos, tirar o sustento da sua família e o excedente para alimentar as outras famílias brasileiras e do mundo. Também concordo que a reforma agrária seja feita em terras privadas desde que não haja invasão. Tem lei pra isso. Terra invadida não é passível de Reforma Agrária. Então, não tem falar ‘olha, o MST vai invadir’. Invadiu, perdeu o direito. Então terras privadas, desde que indenizado o valor justo do proprietário, ele não pode perder nada. Que seja compatível com os interesses da Reforma Agrária e cumprindo todos os outros requisitos de investimento, perfeito. Nós temos que democratizar e ampliar o número de famílias no campo, tirando as periferias da cidade.

Isso tudo que o senhor colocou foi discutido com a campanha?

Perfeitamente, perfeitamente. Como as questões ambientais, como as questões tecnológicas, tudo isso foi muito debatido e sincronizado com os pensamentos que já estavam sendo propostos pelo presidente Lula, pelo Alckmin, pelo Aloizio Mercadante (PT), com todos que nós estamos conversando.

Fazendo um comparativo, como o senhor avalia agora o governo Bolsonaro em relação ao setor?

Eu não quero aqui falar mal de ninguém, muito menos do Presidente Bolsonaro. Eu faço argumentações baseadas em fatos. Eu não consegui achar grandes avanços para o agronegócio brasileiro nesses 4 anos de mandato do Bolsonaro. Conte para mim, aqui no Estado de MT, ele recebeu uns 50% da rodovia BR-242, que liga de leste a oeste, de Sorriso a Querência, 50% pavimentado. As pontes de concreto todas feitas, tudo prontinho. Os outros 50% precisava fazer. Nem o licenciamento fez. O controle da reserva indígena na BR-158, nem licenciamento ele fez. A BR-174, nem o licenciamento ele fez. Não tem 1 metro de asfalto sendo construído dentro do estado de Mato Grosso. Fez 13, 14 km, 2 trechos pequenos da duplicação de Rondonópolis a Cuiabá, mas que tinha sido contratado no governo Michel Temer (MDB). Não vi nenhuma abertura de mercado internacional, ao contrário, restringiu o mercado internacional. Criou conflito com os nossos principais compradores, com a China. Não faz sentido. Virou aliado dos Estados Unidos, que é nosso concorrente, aí quando troca o presidente dos EUA e não é amigo dele, ele também vira inimigo e não reconhece a vitória de Joe Biden. Então eu não vi avanço. Por isso que eu quero a volta do presidente Lula.

Eis outros temas da entrevista:

Contra ou a favor da lei do aborto – “Eu sou a favor da vida, eu sou a favor da vida. Nunca a favor do aborto.“;

Legalização da maconha – “Sou contra.”;

Cotas em universidades – “Minorias em universidades? Sou a favor. Temos que democratizar a eduação, dar oportunidade”;

Privatização da Petrobras – “Eu sou um cidadão de mercado, sou a favor da livre iniciativa. Nós precisamos da Petrobras para os brasileiros. Para fomentar a produção de fertilizantes, de nitrogenados, de cloreto de potássio, melhorar o refino de petróleo, ser auto-suficiente em petróleo refinado também. E aí o Brasil e os brasileiros vão ganhar. Por isso eu não sou a favor da privatização da Petrobras.“;

Privatização Banco do Brasil e Caixa – “Não tenho nada contra. Eu acho que as instituições bancárias estão aí, concorrem com o mercado livre e eu sou até a favor. Eu sou a favor do mercado financeiro aberto, sou a favor da democratização das instituições financeiras, mas sou sempre muito a favor do cidadão que vai colher os benefícios disso.“;

Flexibilizar regras trabalhistas – “Nós não podemos cometer injustiças, tirar direito trabalhista de trabalhadores. Agora, naquilo que for possível ampliar, através do diálogo, as relações capital trabalho, garantindo o bem-estar, garantindo a questão social e a valorização financeira dos trabalhadores, eu sou a favor. Mas sem ferir direitos fundamentais que são necessários, continuar tendo garantias.”;

Reforma administrativa – “Eu sou a favor da reforma administrativa mas eu sou a favor, também, da estabilidade do emprego público. Nós não podemos deixar os nossos servidores, que são o maior patrimônio do serviço público brasileiro, refém de variáveis políticas. Temos que ter uma reforma administrativa que permita o serviço
público ser modernizado, ser eficiente como na iniciativa privada“;

Reforma Tributária – “Sou a favor. Nós temos que acabar com esse cipoal de regras. Agora, nós temos que ser razoáveis, nós temos que ter responsabilidade fiscal, com os compromissos que temos com a máquina pública. Não é do dia para a noite que nós vamos falar em redução de carga tributária, mas o primeiro passo: simplificar a carga tributária brasileira.“;

Excludente de ilicitude – “Sou a favor. Um policial, não cumprindo as suas funções que o estado lhe delega, ele não pode depois responder com seu CPF. É claro que eu não vou defender criminoso, eu não vou defender milícia, eu não vou defender grupo de extermínio, longe disso. Agora, cumprir a sua função como policial, ele tem que ter orespaldo sim do poder público.“;

Meio ambiente – “Só seguir o código florestal brasileiro que está aí, que diga-se por sinal foi aprovado no governo do Partido dos Trabalhadores“.

Fonte: PODER 360
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