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Pesquisadores encontram artefatos do período Neolítico no interior de Juara

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Um grupo de pesquisas do Museu do Vale do Arinos, em parceria com o Instituto de Educação, Cultura e Meio Ambiente do Vale do Arinos (ECUMAM), localizou, esta semana, uma coleção de artefatos pré-históricos em uma fazenda de Juara. Os objetos arqueológicos são do período Neolítico, também conhecido como Idade da Pedra Polida, que começou por volta de 7.500 anos antes de Cristo e terminou há cerca de 4.500 anos.

Marcado por intensas transformações, o Neolítico tem entre suas principais características o aperfeiçoamento das ferramentas, o controle do fogo e a sedentarização dos povos. “Os artefatos arqueológicos chamados Líticos Polidos são caracteristicamente pré-coloniais, ou seja, de antes da colonização do Brasil. São provas da capacidade humana (nossos ancestrais) de construir tecnologias. Essa linha temporal foi um momento marcante da Pré-História, pois a vida do humano primitivo passou por diversas transformações nele”, comenta o coordenador da Câmara Setorial de Arqueologia do Museu do Vale do Arinos, Saulo Augusto de Moraes.

Ele explica que, entre os objetos encontrados em Juara, estão instrumentos de pedra que eram possivelmente usados para cortar carne de caça, escamar peixes, retirar mel e para produção de remédios. Os pesquisadores também localizaram uma pictogravura (desenho na pedra), com idade estimada em 9 mil anos. De acordo com Saulo, a principal hipótese, com base em estudos feitos na América do Sul, é que o desenho possa ser a representação de algumas frutas da região ou mesmo de “entes queridos”.

Os objetos recolhidos foram catalogados e passam a integrar o acervo do Museu do Vale do Arinos, em Juara. Por outro lado, as pesquisas na região prosseguem. “As pesquisas arqueológicas no estado de Mato Grosso são incipientes, no interior do estado muito mais. Nesse sentido, muito do patrimônio histórico-cultural vem sendo destruído pela interferência humana ou pela intempérie (e pela pouca divulgação científica em geral)”, destaca Saulo.

Ele cita como uma das ameaças a esse patrimônio arqueológico a iminente construção da Usina Hidrelétrica Castanheira, que está prevista para ser implantada no rio Arinos e irá formar um reservatório com área de 9,4 mil hectares, entre os municípios de Juara (99%) e Novo Horizonte do Norte (1%).

“Na região do Vale do Arinos que tem a cidade de Juara como polo, já foram identificadas, registradas e estudadas pinturas rupestres, gravuras rupestres, diversos tipos de líticos lascados e polidos e cerâmicas. O Museu do Vale do Arinos e o Instituto Ecumam buscam proteger e difundir acervos de interesse científico e cultural do Vale do Arinos, bem como promover estudos e pesquisas de interesse público, apesar do pouco apoio dos poderes públicos”, conclui.

Também são parceiros nos estudos os professores da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat) Jairo Luís Fleck, doutor em História e coordenador do grupo de pesquisa “Fronteira, Territorialidade e Cultura: o Vale do Arinos na Memória de seus Habitantes”, e Ariele Mazoti Crubleati, doutora em Sociologia e responsável pela coordenação do “Projeto de Pesquisa Educação, Trabalho e Democracia”.

O Museu do Vale do Arinos é uma instituição da administração pública municipal de Juara de gestão compartilhada com a Unemat e Instituto ECUMAN. O espaço foi inaugurado em dezembro de 2018, porém, em razão da pandemia de coronavírus, está com a visitação suspensa.

Só Notícias/Herbert de Souza

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