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Índios ficam sem atendimento após saída de cubano que era o único médico de aldeia em MT

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Mais de 200 indígenas da aldeia Formoso, em Tangará da Serra, estão sem atendimento há quase dois meses. Para atendimento, eles precisam percorrer 80 km.

Os indígenas da aldeia Formoso, em Tangará da Serra, a 242 km de Cuiabá, estão sem atendimento médico, desde a saída de um profissional cubano do programa Mais Médicos. Tangará da Serra era o município de Mato Grosso com maior número de cubanos e os 15 deixaram o município.

O Secretário Municipal de Saúde informou que médicos contratados pela prefeitura darão suporte às aldeias em dois dias da semana. A Secretaria Estadual de Saúde ainda não se manifestou sobre a contratação de médicos pelo programa.

Com fortes dores e sem movimentar o braço esquerdo, Marina Okenazokaero, de 47 anos, da etnia Paresi, de 47 anos, tem uma infecção na pele e precisa de tratamento com medicamentos, mas não consegue pela falta de médico na aldeia.

O curativo é improvisado e só pra proteger. “Vai fazer duas semanas que estou com esse problema. Não consigo fazer nada, não estou comendo nada, com febre constante e muita fraqueza, sem medicamento, sem nada, sem médico. Se tivesse médico já tinha chamado para me atender, mas não tem”, reclamou.

Marina é um dos mais de 200 indígenas da aldeia que estão sem atendimento há quase dois meses.

Kelcimara Enaizokaerace, da mesma etnia, afirmou que se sente preocupada com a saúde indígena e que a situação piorou muito com a saída dos cubanos.

“Aqui na aldeia já está sendo difícil porque antes nós tínhamos assistência do médico. Fico muito preocupada com a saúde indígena porque hoje em dia parece que nesse ano o índio está mais morrendo por falta de atendimento”, avaliou.

O consultório está com os equipamentos parados. Na sala tem uma maca, um armário com vários medicamentos e utensílios usados nos procedimentos médicos. Todos estão sem uso porque só um médico pode fazer a receita e medicar os pacientes.

A agente de saúde Jucélia Zukemairo, que também é indígena, afirmou que encaminha os pacientes para Tangará da Serra.

“Como sou agente de saúde,não posso medicar, não posso dar remédio, só se for através da receita que eu posso”, explicou.

Caso uma emergência aconteça, os índios precisam ir para a cidade mais próxima, Tangará da Serra, que fica a mais de 80 km.

Outra dificuldade é que parte do trajeto é de estrada de chão e o trecho de asfalto da rodovia está cheio de buracos.

“Cada vez está piorando a situação da nossa da saúde, tanto dos brancos quanto dos índios”, reclamou Elizabeth Akezo Maialo.

A aldeia Formoso faz parte Distrito Sanitário Especial Indígena de Cuiabá. São cinco distritos em todo o estado e 35 vagas abertas no novo edital do programa Mais Médicos, mas até agora nenhuma foi preenchida.

Cintra Nascimento Maizokie, presidente do Conselho de Saúde Halit Paresi, disse que a preocupação é quanto à permanência dos profissionais na aldeia.

“Talvez (o médico) fique dois dias e não aguente, não vai ficar na aldeia. Isso preocupa. É igual zona rural. Nós somos indígenas, eles acham que é diferente do que não indígena, nós somos todos iguais. Se vir médico brasileiro, ele vai ser bem tratado, a gente vai respeitar, com carinho e esperamos que isso seja resolvido”, avaliou.

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