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Em meio a crise, Bolsonaro visita pela primeira vez o Nordeste

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Em meio a uma crise de popularidade e dez dias após uma multidão tomar as ruas de várias cidades do país contra cortes na educação, o presidente Jair Bolsonaro realiza uma visita ao Nordeste, bastião petista onde é mais impopular e foi menos votado na eleição. Nesta sexta-feira, o mandatário desembarca em Pernambuco, onde cumpre agenda no Recife e em Petrolina. Na capital, encontrará todos os governadores nordestinos em reunião do conselho da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene). A expectativa é que haja um anúncio de mais investimentos no Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste, que deve ser usado em obras de infraestrutura. Já em Petrolina, a mais de 700 quilômetros da capital, Bolsonaro participa da entrega de empreendimentos do programa Minha Casa Minha Vida, programa social que é uma das principais marcas dos governos do PT.

Essa é a primeira vez que Bolsonaro cumpre agenda oficial no Nordeste, um território quase inteiro comandado pela oposição. Além disso, a região é onde ele registra a mais baixa popularidade: para 40% dos nordestinos, o Governo é ruim ou péssimo, segundo o Ibope. Por isso, o presidente tentou se preparar para o encontro previamente. Convocou um café da manhã no Planalto na quarta-feira com os deputados nordestinos. Na ocasião, quis saber “onde o calo aperta com mais particularidade em cada Estado”, segundo suas próprias palavras, para chegar com maior embasamento em Pernambuco.

Após o anúncio oficial da viagem, que já vinha sendo articulada há semanas, o Twitter virou palco de discussão sobre a visita. Na terça-feira pela manhã, a marca #NordesteCancelaBolsonaro estava em primeiro lugar entre os assuntos mais comentados e passou o dia entre os temas mais falados na rede social. Seguindo o mesmo roteiro de outros temas que causam oposição ao Governo na rede social, no final do dia, começou a subir a resposta, com a marca #NordesteComBolsonaro.

Durante a última eleição, a região Nordeste foi o principal palco de disputas entre os candidatos. Foi o local mais visitado por Fernando Haddad (PT), que tentou abocanhar a maior quantidade possível do eleitorado lulista da região, historicamente reduto do PT. Também foi a região enaltecida por Ciro Gomes (PDT) e incorporada como terra natal por Bolsonaro: o hoje presidente nascido em São Paulo chegou a afirmar que era “nordestino também”, já que seu sogro é cearense.

A primeira visita de Bolsonaro à região após eleito é parte de uma estratégia de circular mais pelo Brasil —ele já esteve duas vezes nos EUA—, para tentar diminuir o desgaste dos protestos contra ele. A visita a Pernambuco acontece após uma ida ao Paraná, onde ele participaria da inauguração da Usina Hidrelétrica de Baixo Iguaçu, em Capanema, na quinta-feira —que acabou cancelada por conta da chuva. Para evitar mais desgastes de imagem, o encontro ocorrerá em território pernambucano será em local neutro, no Instituto Ricardo Brennand, longe do gabinete do governador Paulo Câmara (PSB). Ali, todos os governadores da região, além dos de Minas Gerais e Espírito Santo, abrangendo parte da Sudene, estarão reunidos com o presidente e parlamentares locais.

O encontro, entretanto, não deverá acontecer sem constrangimentos. Um dia após o anúncio oficial da visita de Bolsonaro ao Nordeste, os nove governadores da região se juntaram a outros cinco (de Espírito Santo, DF, Tocantins, Amapá e Pará) para assinar uma carta pedindo a revogação do decreto das armas. No texto divulgado na terça-feira, eles pedem que os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário da União “atuem tanto para sua imediata revogação como para o avanço de uma efetiva política responsável de armas e munição no país”. E pedem, com urgência, a implementação de ações que melhorem a rastreabilidade das armas de fogo e munições e o aumento dos meios de controle e fiscalização para coibir desvios, enfrentar o tráfico ilícito e “evitar que as armas que nascem na legalidade caiam na ilegalidade e sejam utilizadas no crime”.

Os governadores ainda afirmaram que as medidas prevista pelo decreto, assinado por Bolsonaro em 8 de maio, não vão contribuir para tornar os Estados mais seguros. “Ao contrário, tais medidas terão um impacto negativo na violência”, afirmam, “e aumentarão os riscos de que discussões e brigas entre nossos cidadãos acabem em tragédias”.

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