Policiais da delegacia municipal de PolÃcia Civil e peritos da Politec encontraram, há pouco, em um imóvel, no Jardim das Palmeiras, restos mortais de Luzineide Leal, que foi assassinada pelo marido Jairo NarcÃsico da Silva, em 1994. O corpo foi enterrado onde, na época, estava sendo construÃdo um banheiro, anexo à residência. Jairo, 64 anos, que confessou o crime, hoje indicou onde enterrou a esposa. “Conseguimos localizar bolsas, roupas, joias e algumas partes do corpo. Agora os peritos estão fazendo a parte delesâ€, disse o delegado Ugo Ângelo Reck de Mendonça, que coordena o trabalho.
“Ele concretou com bastante cimento, quase 20 centÃmetrosâ€, “colocou madeira nas laterais (buraco), simulando um caixão e uma tampa como se fosse um caixãoâ€. O delegado explicou também que o corpo estava “dobradoâ€. “Como o banheiro estava em construção, havia algumas ferramentas à mão e ficou mais fácil dele fazer o que fez. Ainda não tinha concretado o banheiro e ele inclusive concretou depoisâ€. “O local (onde estava o corpo) é de difÃcil acesso, o buraco é bem fundoâ€. “Demorou por causa da profundidade e da localizaçãoâ€, acrescentou o delegado. Um caixote foi encontrado (não foi informado o que haveria dentro).
O perito Leandro Valendorf, da Politec, disse que vários ossos estão “bem conservados, havia também tecido, documento dela, a identidade, inclusive a foto está bem preservada e pertences. Isso tudo bate com a versão do acusado que ao matar sua esposa a enterrou e jogou esses pertences por cima do corpo simulando a possibilidade que ela pudesse de fato ter fugidoâ€. “A foto que está na identidade é da Luzineide, inclusive foi confirmado agora pelas irmãsâ€. “Aproveitamos para fazer uma reprodução simulada, ou seja, estamos levantando tanto a versão da pessoa que praticou o ato (Jairo) quanto das irmãs que aqui estãoâ€. “Se eventualmente alguma dúvida (futura) for levantada que caiba uma espécie de ação aà fica um trabalho só, completoâ€, explicou.
Luzineide foi morta quando tinha 28 anos. Jairo, que na época do crime estava com 40 anos, alegou arrependimento e foi à delegacia, confessou o assassinato e ocultação de cadáver. Ele está em liberdade. O delegado disse, há pouco, após a localização dos restos mortais que, “a princÃpio, o crime está prescrito mas isso quem decide é o judiciário, o Ministério Público, mas entendo que o crime de ocultação de cadáver é crime permanente e ele (Jairo) pode responder inquérito policial por este crimeâ€, declarou. “Pode ser que ele tenha se arrependidoâ€. “A princÃpio parece que está arrependido sim. Não duvido. Mas não dá para saber se ele teve orientação jurÃdica que o crime estaria prescritoâ€. “Mas, independente disso, ele fez a coisa certa que é informar para a famÃlia ficar mais aliviada e a vÃtima ter enterro decenteâ€.
Ontem, a justiça emitiu autorização para escavação na residência. O imóvel não pertence mais ao acusado.
Alguns familiares também estão acompanhando as buscas. O irmão de Luzineide, Reginaldo Amorim disse que a atitude de Jairo ao matar sua irmã foi “de criminoso, bandidoâ€. “A sensação é de impunidade, de impotência. Infelizmente (a gente) não pode fazer nadaâ€, declarou.
Na 3ª feira, o delegado informou que Jairo, ao confessar o crime, relatou que “tinha ciúmes porque ela gostava de festas, de sair, alguma coisa nesse sentido e que “ele fez um boletim de ocorrência na época. Conseguimos localizar nos arquivos, boletim original escrito a mão, onde ele narra um desaparecimento e cita que a esposa teria fugido com um amante e que não teria conhecimento para onde ela teria ido. Mentiu esses anos todos para os filhos. Ele teve uma filha com ela de 5 anos e tinha um só dela de 8 anos. Alguns parentes dela estavam na casa no dia do crime, mas ninguém ouviu nada porque foi de madrugada (no quarto de Luzineide), provavelmente a casa deve ter um tamanho razoável e como ele matou ela em cima da cama, praticamente não fez barulho. Ele estava construindo um banheiro, no quarto, possivelmente foi ali que enterrou o corpoâ€, descreveu. Jairo disse que usou um pé de cabra para agredir a mulher.