Um ataque aéreo, atribuído a Damasco, matou nesta quinta-feira (27/02) ao menos 29 soldados turcos e deixou mais de 30 militares feridos na província de Idlib, no norte da Síria, o último reduto da oposição no país devastado pela guerra.
“Vários militares gravemente feridos foram hospitalizados em Hatay”, afirmou Rahmi Dogan, governador da província turca que faz fronteira com a Síria. Ele responsabilizou o regime de Bashar al-Assad pelo ataque.
O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, convocou uma reunião de emergência da cúpula de segurança do país após o bombardeiro. O encontro durou duas horas, mas não foram divulgadas mais informações.
Ancara pediu que a comunidade internacional “assuma suas responsabilidades” em Idlib e anunciou que, em retaliação ao ataque, bombardeou todas as posições conhecidas do regime de Assad.
Desde o início de dezembro, Idlib é alvo de uma campanha militar feroz e bombardeio implacável por tropas do governo sírio, apoiadas por bombas aéreas da Rússia. Nas últimas semanas, a província foi palco de confrontos entre a Turquia, que apoia os grupos rebeldes, e as forças do regime sírio, apoiadas por Moscou. As recentes mortes marcam uma grave escalada no conflito direto entre os dois países.
Ancara possui 12 postos de observação militar no norte da Síria, que são resultado de um acordo assinado com Moscou em 2018 para reduzir a tensão na região de Idlib. Os dois países vêm, porém, trocando acusações de não estarem respeitando o pacto.
No início de fevereiro, Erdogan alertou o regime de Damasco para se retirar da região dos postos turcos e ameaçou lançar uma ofensiva no país vizinho. Depois da ameaça, houve uma escalada de tensão no conflito.
Nesta quinta-feira, jihadistas e rebeldes apoiados por Ancara retornaram a Saraqeb, uma importante cidade que haviam perdido no início do mês. Apesar da perda, o regime sírio fez grandes avanços no sul da província, recuperando mais de 20 vilarejos.
A recente ofensiva em Idlib resultou numa catástrofe humanitária. Quase 950 mil civis estão desabrigados após deixarem suas casas. Muitos vivem em tendas, prédios abandonados, abrigos improvisados e em campos abertos perto da fronteira com a Turquia.