A morte de um profissional de saúde de Aracaju, de 44 anos, é o primeiro óbito após recorrência da covid-19 documentado por cientistas no Brasil. Pesquisadores do Hospital Universitário da Universidade Federal de Sergipe (UFS) descreveram o caso no Journal of Infection na sexta-feira, 12. Entre o primeiro e o segundo diagnóstico positivo, houve intervalo de 38 dias. Quando os sintomas reapareceram, porém, vieram mais graves e ele não resistiu. Como não houve sequenciamento genômico da amostra coletada no 1º teste, os cientistas não podem determinar se ele foi infectado mais de uma vez ou se o vírus permaneceu no organismo do paciente.
“O paciente que faleceu, teve covid-19 em maio do ano passado, caso leve. Melhorou, foi para casa e retornou ao trabalho. Um mês depois voltou a apresentar sintomas”, diz Roque Pacheco de Almeida, chefe do Laboratório de Imunologia e Biologia Molecular do hospital e um dos autores da publicação. “Em 13 de junho, fez novamente o teste e deu positivo. Mas desta vez, os sintomas foram muito mais graves, precisando até ser internado, vindo a falecer em 2 de julho.”
Já em uma outra paciente de 40 anos, também de Sergipe, foi possível mostrar que houve reinfecção por diferentes variantes do Sars-CoV-2. “É uma técnica de enfermagem que teve covid-19 em maio do ano passado, ficou boa, depois alguém da família foi infectado e ela voltou a testar positivo em julho. Diferença de 54 dias de intervalo. Pegamos os vírus dos episódios 1 e 2, e quando vimos a sequência do genoma do vírus, o vírus 2 era diferente do 1. Ou seja, ela teve covid-19 por um vírus, melhorou e depois pegou novamente por outra variante”, acrescenta.
O espalhamento de novas cepas do coronavírus tem preocupado especialistas e autoridades. Entre as mutações mais preocupantes já identificadas, estão a britânica e a amazônica, consideradas com maior potencial de contágio, e a sul-africana, que pode ser mais resistente a vacinas.
Até então, o primeiro caso de reinfecção por covid-19 no Brasil havia sido registrado em outubro de 2020 quando uma profissional de saúde do Rio Grande do Norte testou novamente positivo. A paciente de 37 anos já havia contraído a doença em junho. Embora casos de reinfecção não sejam considerados comuns pelos cientistas, relatos de novas contaminações de quem já teve a doença têm motivado mais estudos e acompanhamento pelas autoridades.