Na semana em que o Brasil teve o 3.º dia com mais mortes desde o começo da pandemia, o presidente Jair Bolsonaro manteve o discurso negacionista e voltou a defender tratamentos sem eficácia comprovada contra a doença. Além disso, questionou a validade de vacinas já aprovadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Ao longo da semana passada, Bolsonaro teve um único compromisso oficial relacionado ao assunto: uma reunião com Antônio Barra Torres, diretor-presidente da Anvisa. Em falas oficiais, o presidente da República se mostrou pouco preocupado com o vírus: o termo “covid-19” aparece uma única vez nos discursos públicos.
Na quinta-feira, Bolsonaro defendeu o uso de um tratamento experimental contra o câncer no enfrentamento à covid-19. A droga, chamada EXO-CD24, foi desenvolvida em Israel e é aplicada por meio de um spray nasal. O fármaco está sendo testado para o combate ao coronavírus, mas ainda não há comprovação de efetividade.
Ele também criticou o que chamou de “pilha da vacina”. “Quando eu falei de remédio lá atrás, levei pancada. Nego bateu em mim até não querer mais. Entrou na pilha da vacina. O cara que entra na pilha da vacina, só a vacina, é um idiota útil. Nós devemos ter várias opções”, disse o presidente. “Se Deus quiser, amanhã encontro nosso Benjamin Netanyahu para tratar desse assunto”, disse, na ocasião.
O presidente começou a semana com uma fala na qual relativizou a validade das vacinas CoronaVac e Oxford/AstraZeneca. “Temos um vírus. Não negamos. Temos. Estamos preocupados. Hoje meus irmãos decidiram, estão votando aqui se a minha mãe (Olinda Bolsonaro) vai ser vacinada ou não, com 93 anos. Eu já dei lá, eu votei lá sim. Com 93 anos, deixar ela ser vacinada mesmo com uma vacina aí, (que) não está comprovada cientificamente”, disse à Band.