O ex-deputado estadual José Riva revelou, em delação premiada, um esquema de fraude que beneficiava servidores da Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT). Em vídeos de um dos depoimentos que “vazaram” nesta terça-feira (04), o ex-parlamentar explicou que a verba de suprimentos de fundos da Casa de Leis era utilizada de maneira ilícita para realizar despesas pessoais e políticas.
Riva narra que a verba, legalmente prevista para suprir despesas urgentes e não licitadas, era aplicada em complementos de salários, formaturas, funerais, escritórios políticos, despesas de campanha e outros fins ilícitos. Segundo o ex-deputado, apenas 30% da verba de suprimento de fundos era aplicada dentro da legalidade.
Riva cita que, por meio do desvio de finalidade, o dinheiro foi utilizado para pagamento de servidores da TV Assembleia, após uma recomendação do Ministério Público de Mato Grosso (MPMT) para a demissão de cargos técnicos comissionados. Entre os beneficiados estariam Fernando Cruz, Reginaldo Oliveira e Felipe Mota.
Em seguida, o ex-parlamentar também relata uma extensa lista de nomes que receberam a verba de forma criminosa, por meio de complemento no salário.
Os nomes citados foram Maurício Barbante, do setor de Comunicação; Gildeci Oliveira Costa (já falecido), que era um servidor cedido pelo Poder Judiciário; Salvador Santos Pinto, assessor parlamentar; Luiz A. Costa (in memorian), também do setor de comunicação da ALMT; Edson Guilherme Pires, que era funcionário do cerimonial; e Luiz Bertoldi; motorista.
Riva ainda explica que, em seu gabinete, havia uma comissão que analisava os pedidos para a aplicação ilegal da verba, considerando os benefícios sociais e políticos da fraude
O esquema delatado pelo ex-deputado foi identificado por meio da Operação Metástase, que investiga Riva e outros 23 acusados de terem cometido crimes de falsidade ideológica, peculato e organização criminosa.
VAZAMENTO – O acordo de delação premiada do ex-deputado José Geraldo Riva foi homologado pelo desembargador Marcos Machado, do Órgão Especial do Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso, em 20 de fevereiro deste ano. O processo todo corre em segredo de Justiça. Porém, conforme a reportagem apurou, os vídeos vazaram depois que foi determinado a juntada de documentos em um dos anexos e alguém se esqueceu de chancelar o sigilo nos autos.