O empresário e ex-candidato à presidente da Federação das Indústrias de Mato Grosso (Fiemt), Kennedy Sales, afirmou que o projeto de lei complementar que revalida os incentivos fiscais em Mato Grosso é uma facada nas costas do cidadão e dos empresários. Ele ainda avaliou que os consumidores do Estado pagarão a conta. Por fim, elogiou o sistema paraguaio, onde ele abriu empresas.
Kennedy é proprietário de empresas nas áreas energética, de reciclagem, tintas, entre outras. Seu conglomerado está presente em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, outros estados brasileiros e até no Paraguai.
“Além de trazer prejuÃzos a economia. [O projeto] traz prejuÃzos para o povo. É facada nas costas do povo. O aumento da carne vai sair na ponta para o consumidor. O remédio, para quem usa diariamente, pagará mais caro e isso é uma injustiça. Essa forma de ganancia de arrecadar imposto, precisamos pensar no desenvolvimento. Atrair novas empresas, industrias e não querer jogar isso nas costas do cidadão ou empresárioâ€, disse Kennedy ao Olhar Direto.
Para o empresário, o governo precisa primeiro pensar em reduzir a máquina pública, para só depois pensar em aumentar os tributos. O entendimento de Kennedy é de que os empresários estão trabalhando para cobrir o rombo dos cofres públicos.
“Ele [governador] tinha que ter discutido com todos os segmentos. Mas simplesmente, na convalidação, embutiu a minirreforma. Foi algo feito sem falar com empresariado e a sociedade. Não sou contra, talvez tenha que fazer alguma coisa. Mas primeiro é preciso apresentar a ação que vai fazer para enxugar a máquina, se não, não vai resolver o problema. Todo ano aumenta imposto e a maquina continua gastando muito. É preciso que o Governo seja empreendedor, desenvolva educação, saúde e tudo maisâ€, pontuou o empresário.
Kennedy ainda lembrou que Mato Grosso não está no eixo de grandes consumidores e que, para trazer empresas para o Estado, é necessário que haja incentivos. “Não estamos no eixo de grandes consumidores. Traz o produto para cá e depois exporta para outros estados. Se não tiver incentivos, morre na logÃstica, na competitividade. Outros estados como Goiás e Mato Grosso do Sul estão mais próximos dos grandes centros. Precisamos do incentivo para que as empresas sobrevivam e continuem o desenvolvimento. Caso contrário é caixão e vela pretaâ€.
O empresário, que tem instalações fora do paÃs, disse que o respeito é muito maior do que no Brasil. “O incentivo que temos lá [Paraguai], foi editado na década de 90 e nunca se mexeu uma vÃrgula até hoje. Temos que ter uma segurança jurÃdica. No Brasil, por mês você paga em torno de 30 guias de impostos. No Paraguai são dois tipos de impostosâ€.
“Outra coisa importante é a segurança jurÃdica. O que você trata, não se muda no meio do jogo. Isso é muito importante, facilita muito a fazer uma gestão do seu negócio. A burocracia é muito pequena. Aqui no Brasil é muita confusão, cada lugar é uma coisa. Precisamos organizar isto para que possamos trabalhar. Dono de empresa hoje tem que ter mais advogado e contador do que funcionário, é muita confusão. É algo que precisa mudar no paÃs e em Mato Grossoâ€, finalizou.
Corrida contra o tempo
A pressa para aprovar a reinstituição dos incentivos fiscais em Mato Grosso, o curto tempo e o volume de detalhes que constam do Projeto de Lei n° 53/2019 – Mensagem n° 114/2019 – do Poder Executivo podem obrigar o presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso, deputado Eduardo Botelho (DEM), a suspender o recesso parlamentar do meio do ano.
A primeira votação do projeto já deve acontecer na terça-feira (2) e a partir dai os deputados deverão ampliar os debates com diferentes setores. Botelho afirma que o desafio da Assembleia é aprovar um texto equilibrado, que corrija distorções e privilégios, mas que não sufoque nenhum setor produtivo em Mato Grosso.
Mamata
Levantamento feito pela Secretaria de Fazenda (Sefaz) nos dados dos incentivos fiscais concedidos por Mato Grosso nos últimos 15 anos revelou, segundo o governador Mauro Mendes (DEM), crime contra a administração pública. Isso porque os benefÃcios concedidos a diferentes setores simplesmente não eram registrados e o Estado estava deixando de arrecadar muito mais do que se imaginava.
Em entrevista concedida nesta quinta-feira (27), Mendes fez uma analogia das polÃticas de fomento com a educação infantil e afirmou que chegou a hora de cortar a “mamadeira†de alguns setores em MT.
“O algodão, por exemplo, quando começou 20 – 30 anos atrás, ou mais, fazia todo sentido [ter incentivo], Mato Grosso não produzia nada. Hoje a cadeia cresceu, se desenvolveu e você não pode dar mamadeira para a criança a vida inteira. Você dá quando ela é pequena, quando não consegue andar, depois ela começa a aprender a comer na colherzinha, depois ela começa a comer sozinha e chega um ponto que tem que se virar. Então calma, o Estado não pode ficar a vida inteira dando incentivo fiscal para um determinado setor. O incentivo fiscal é para desenvolver cadeia. Se ela já se desenvolveu, se ela já cresceu, se ela já é robusta, não precisa mais de incentivo fiscalâ€, ilustrou Mendes.