A Venezuela continuava paralisada por um novo apagão nesta quarta-feira, 27, quando o autoproclamado presidente interino, Juan Guaidó chamou a população a mais um dia de protesto contra o regime de Nicolás Maduro no sábado, 30. Em Washington, o presidente americano, Donald Trump, recebeu a mulher de Guaidó, Fabiana Rosales, na Casa Branca e reiterou seu apoio total à oposição venezuelana.
“Toda vez que você não tem luz, água, gás, transporte, não é hora de se acostumar com isso, é hora de exigir nossos direitosâ€, disse Guaidó, conclamando seus partidários a não permanecerem “passivosâ€.
“Estamos com você 100%. A Rússia tem que sairâ€, disse Trump à “primeira-dama da Venezuelaâ€, referindo-se ao apoio militar enviado por Moscou.
Uma nova falha no sistema impediu a recuperação de 85% do fornecimento de energia iniciada na última terça-feira. O apagão foi “produto da instabilidade derivada do ataqueâ€, informou um boletim do governo, que reafirma como causa um suposto incêndio na hidroelétrica de Guri atribuÃdo por Maduro à oposição. A nota não informa quando a situação será normalizada.
O caos se desdobrou com a suspensão do bombeamento de água, a paralisação dos transportes – incluindo o metrô de Caracas – e o impacto das comunicações e do banco eletrônico, vitais devido à escassez de caixa gerada pela hiperinflação.
O ministro das Comunicações, Jorge RodrÃguez, disse que uma nova falha ocorreu na manhã de quarta-feira, interrompendo o serviço em setores de Caracas e outras regiões onde ele havia sido recuperado.
“Vamos continuar (…) esse processo de distribuição de carga até que todos os equipamentos danificados pelo terrorismo entrem em operaçãoâ€, disse Rodriguez, sem dar uma estimativa de quando a situação será normalizada.
O paÃs de 30 milhões de habitantes ficou no escuro na segunda-feira 25, após o pior apagão de sua história, que começou em 7 de março e durou quase uma semana. Além da capital, o corte desta quarta-feira afeta 21 dos 23 estados, segundo relatos de usuários em redes sociais. O governo não costuma relatar o impacto desse tipo de emergência.
O apagão tornou-se a última batalha pelo poder entre Nicolás Maduro e Guaidó. Maduro diz que se tratam de “ataques terroristas†executados pela oposição, protegida pelos Estados Unidos. Já o chefe do Parlamento argumenta que esta é apenas a última prova da ineficiência e da corrupção do governo.
Guaidó não descarta pedir ao Legislativo que autorize a entrada de uma missão militar estrangeira. Washington, seu aliado mais fervoroso, não exclui uma ação militar para destituir Maduro, a quem pretende estrangular economicamente com sanções, como um embargo ao petróleo, que entrará em vigor em 28 de abril.
Além de Donald Trump, o vice-presidente Mike Pence pediu a Moscou que acabe com “todo o apoio ao regime de Maduro†e classificou a chegada de dois aviões militares por Moscou à Venezuela como uma “provocação inoportunaâ€.
A Rússia defendeu nesta quarta-feira a presença de militares na Venezuela, ao participar de um conselho permanente da OEA no qual foi aprovada uma resolução pedindo a entrada da ajuda humanitária na Venezuela.
O observador suplente da Rússia, Alexander Kormachev, pediu para falar após a votação e se pronunciou contra “as acusações de algumas altas posições dos Estados Unidos sobre alegadas intervenções russas na Venezuelaâ€.
Kormachev defendeu, em espanhol fluente, que “a cooperação bilateral da Rússia com a Venezuela adere estritamente à Constituição deste paÃs e respeita sua legislação, incluindo os poderes do legislativoâ€.
Em meio à pressão internacional para que Maduro deixe o cargo, Rússia e China, os principais credores da dÃvida externa da Venezuela (estimada em 150 bilhões de dólares), tornaram-se os grandes aliados do presidente socialista.
OEA
O Conselho Permanente da Organização dos Estados Americanos (OEA) votou uma resolução para “pedir as instituições públicas da Venezuela, em especial as forças militares e de polÃcia, que se abstenham de bloquear o ingresso de ajuda humanitária à Venezuelaâ€.
A resolução foi apresentada pela Colômbia e apoiada por Argentina, Brasil, Canadá, Chile, Estados Unidos, Guatemala, Panamá, Paraguai e Peru. Terminou aprovada com 19 votos a favor, cinco contra, oito abstenções e duas ausências.
No Twitter, o secretário-geral da OEA, Luis Almagro, disse que reitera sua “rejeição à presença de efetivos militares e transporte militar russo em território de #Venezuelaâ€.