A ministra alemã da Agricultura, Julia Klöckner, ameaçou impor consequências ao Brasil em razão das queimadas na Floresta Amazônica, incluindo rever o apoio da Alemanha à ratificação do acordo entre a União Europeia (UE) e o Mercosul.
O Brasil se comprometeu com o manejo florestal sustentável quando fechou o acordo com o Mercosul. Se o paÃs não cumprir essa obrigação, não assistiremos a isso passivamenteâ€, afirmou Klöckner em entrevista ao jornal alemão Die Welt publicada nesta 4ª feira (28.ago.2019).
A ministra lembrou que o acordo entre os blocos econômicos da Europa e da América do Sul possui um “capÃtulo de sustentabilidade com regulamentos obrigatóriosâ€. “Se estes não forem cumpridos, as reduções alfandegárias acordadas não poderão existirâ€, alertou. “Trata-se também da nossa credibilidade.â€
Klöckner disse ainda que conversará sobre a questão com a ministra brasileira da Agricultura, Tereza Cristina, durante sua visita à Alemanha. “Precisamos ajudar o Brasil e outros paÃses a combater o desmatamento e a implementar uma produção agrÃcola sustentávelâ€, afirmou.
O ministro alemão do Exterior, Heiko Maas, pediu ao Brasil que tome medidas mais vigorosas no combate às queimadas na Amazônia e ofereceu ajuda ao chanceler brasileiro, Ernesto Araújo. Em um encontro com diplomatas em Berlim, Maas também ressaltou que o Brasil deve ser lembrado das promessas feitas à UE durante a conclusão do acordo com o Mercosul, como a de proteger as florestas tropicais.
“Talvez não devêssemos ficar calados nestes dias atuaisâ€, afirmou, referindo-se à s declarações da França e da Irlanda a favor da suspensão do acordo comercial com os sul-americanos. As declarações de Klöckner e Maas podem sinalizar uma mudança no posicionamento do governo alemão em relação ao pacto de livre-comércio.
Na semana passada, Berlim se pronunciou contra a suspensão do acordo. “A não ratificação do acordo com o Mercosul não contribuirá para reduzir o desmatamento na Amazôniaâ€, afirmou um porta-voz do governo alemão, mencionando o capÃtulo de regulamentos vinculativos para a proteção climática.
Ele disse que, na visão da Alemanha, um boicote ao pacto não seria uma “resposta adequada†aos incêndios florestais no Brasil. O tema também tem sido notÃcia nos veÃculos da imprensa alemã, que afirmam que o governo brasileiro não dedica esforços suficientes para combater as queimadas e questionam as ligações do presidente Jair Bolsonaro com o agronegócio.
O acordo UE-Mercosul foi fechado em junho, à época da cúpula do G20 no Japão, após 20 anos de negociações. Os parlamentos de todos os paÃses-membros do bloco europeu ainda precisam ratificar o pacto, mas os governos parecem divididos em relação à questão.