Dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) mostram que o número de queimadas no Amazonas em 2020 já superou o recorde anterior, de 2005. Até o último domingo (11.out.2020), o Estado registrou 15.701 focos ativos. Durante todo o ano de 2005, o número foi de 15.644 casos.
O ano de 2015 foi o que teve o 3º maior índice desde 1998, quando o levantamento de focos ativos de incêndio do Inpe passou a ser feito: 13.419 casos. Em 4ª lugar está 2019, com 12.676 focos.
As cidades mais afetadas no Estado são Apuí e Lábrea, que fazem fronteira com o Mato Grosso. Em Apuí, foram registrados 2.740 focos até o final da 2ª semana de outubro. Em Lábrea, 2.237.
De acordo com o Inpe, a Amazônia é o bioma mais afetado em 2020 por queimadas. Entre os casos registrados em todo o Brasil, 45,6% são na região. Levantamento feito pelo G1 mostra que a Amazônia também é a mais afetada pelo desmatamento. O município de Lábrea já desmatou cerca de 42,06 km² em 2020.
O geógrafo Carlos Durigan diz que as queimadas são a consolidação do desmatamento em áreas que serão usadas para atividade pecuária ou transformadas em campos agrícolas.
“O Amazonas é o maior Estado do Brasil e nos últimos anos vemos esse aumento expressivo que vem pelo sul do Estado. Nada mais é que a substituição do modo de vida, do modo de produzir amazônico pelo modo de produzir que vem de outras regiões, como o Sul e o Centro-Oeste. E que tá ligado ao agronegócio, a agricultura e a pecuária extensiva”, fala o geógrafo ao G1.
“Se não houver uma salva-guarda sócio-ambiental por parte das autoridades vamos ver esse cenário de destruição estabelecido no sul do Amazonas subindo para a Amazônia central, afetando a vida das pessoas que vivem na região do Purus e do Madeira, até Manaus. Estamos perdendo 1 patrimônio de valor incalculável, como biodiversidade, floresta, serviços ecossistêmicos e qualidade de vida”, afirma.