Uma onda de pacientes que aguardavam pela diminuição na taxa de ocupação dos leitos dos hospitais deve gerar uma grande demanda por cirurgia eletivas nos próximos meses. De acordo com o Ministério da Saúde, durante a pandemia, houve uma queda de 61,4% na realização desse tipo de procedimento em todo o Brasil.
A recomendação do Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso (CRM-MT) é que as cirurgias já comecem a ser retomadas na rede particular de saúde. Com a queda na taxa de ocupação dos leitos e a estabilização do número de casos de coronavírus no estado, cirurgias que não eram urgentes e que, portanto, tiveram recomendação médica adiada, sejam retomadas de forma gradual.
O Sistema Único de Saúde (SUS) deve enfrentar uma situação um pouco mais delicada. Isso porque antes mesmo da pandemia já havia uma longa fila de espera por cirurgias de especialidades como geral, urologia, vascular, ginecologia, oftalmologia, otorrinolaringologia e ortopedia. Um paciente poderia chegar a esperar até cinco anos para realizar o procedimento no estado.
“Nós já tínhamos, antes da pandemia, uma demanda reprimida de cirurgias eletivas em algumas especialidades. No SUS, já havia uma fila de espera muito grande. Com a pandemia, essa abstenção das cirurgias eletivas está dando origem a um quantitativo imenso, que é a soma das atrasadas com as que já existiam”, explicou a presidente do CRM-MT, Dra. Hildenete Monteiro Fortes, ao PNB Online.
De acordo com a médica, essa retomada deve ser feita com bastante planejamento e organização, tanto na rede privada quanto na rede pública. A criação de forças-tarefa pode ser uma boa estratégia na tentativa de diminuir as longas esperas. “Acredito que seja necessário fazer até mutirões, dependendo da especialidade, para que essas cirurgias sejam realizadas mais brevemente”, afirma a especialista.
Como forma de enfrentamento da sobrecarga, a doutora ainda acredita que os governos devem focar na preservação dos leitos criados para atendimento de pacientes que receberam tratamento para a Covid-19. “É necessário o aproveitamento dos leitos de UTI e hospitalares que foram abertos para que, passando a pandemia, eles sejam utilizados. Nós não desejamos que os leitos contratualizados sejam desativados, até porque o déficit de leitos é anterior à chegada do coronavírus”, alerta.