Quem passou pelas prateleiras do arroz nos últimos dias se assustou com o preço exorbitante que um pacote de R$ 5 kg atingiu. Em supermercados de Cuiabá, é possível encontrar valores que começam em R$ 15 e atingem R$ 30. Segundo Rodrigo Santos Mendonça, presidente do Sindicato das Indústrias do Arroz do Estado do Mato Grosso (Sindarroz-MT), esse aumento aconteceu em todo território nacional e deve perdurar até o início da próxima safra, em fevereiro de 2021.
Conforme ele, no segundo semestre de todo ano há um aumento no valor do produto por conta da entressafra. Entretanto, neste ano houve a pandemia do coronavírus e o isolamento social. Com isso, a população brasileira, que já é uma das que mais consome arroz no mundo, passou a consumir ainda mais. Outro fator que colaborou para o aumento foi o preço do dólar, que inviabilizou a compra do produto importado.
“Esse ano o arroz importado não entrou (por conta do dólar e do aumento do produto mundial) e exportou muito. Esse ano exportamos 1,5 mi tonelada de arroz. Além do dólar estar caro, o importado subiu. O preço vai ajustando. As indústrias não tem onde recorrer, se comprar o importado chega muito mais caro. Por mais que esteja caro internamente, compensa comprar aqui dentro. Este é o cenário”, explicou.
Por outro lado, o presidente do Sindarroz-MT afirma que a próxima safra deve ser boa e haverá uma redução no valor. “A safra começa em fevereiro e até lá vamos vivenciar esse preço, que deve subir um pouco mais. A gente entrou a safra pagando R$ 60 a saca na fazenda. Hoje está R$ 120 e já estão falando em R$ 130. Houve aumento de 100% que não foi repassado. O consumidor final está sentindo agora, mas a gente que tem estoque, vai diluindo os preços, não consegue repassar a alta duas vezes. Mas esses preços tendem a reajustar um pouco mais daqui pra frente. Vai aumentar um pouco mais, não sabemos o quanto. Daqui cinco, seis meses vai dar uma diminuída. Por enquanto, vamos viver esse cenário”, disse.
Na tentativa de viabilizar a importação do arroz, 23 entidades realizaram uma reunião virtual para discutir a queda da Tarifa Externa Comum (TEC) do Mercosul sobre as importações do cereal de outros mercados, que é de 12%. A maioria das entidades (16) votou pela manutenção da TEC. Com isso, o produto não deve ser importado. Por maios que exista a alta nos preços, o presidente argumenta que ainda compensa consumir o produto brasileiro, até por conta da demora do procedimento. “Se você for importar arroz da Ásia, demora um mês pra chegar”, afirma.
Safra 2019/2020
Segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o novo preço mínimo do arroz da safra 2019/2020 cultivado no Rio Grande do Sul, responsável por 70% da produção do Brasil, e em Santa Catarina está em R$ 39,63, uma alta de 8,75% com relação ao valor anterior. Nas demais regiões do país e no Paraná, a correção foi de 10,04% e chega a R$ 47,55.
O preço estabelecido para o arroz é fruto da Política de Garantia de Preços Mínimos (PGPM), ferramenta utilizada para diminuir oscilações na renda dos produtores rurais e assegurar uma remuneração mínima. Atua como balizadora da oferta de alimentos, incentivando ou desestimulando a produção e garantindo a regularidade do abastecimento nacional.