O casamento está apoiado em algumas premissas para pode dar certo, entre elas, estão equilÃbrio nas trocas emocionais, acolhimento dos valores familiares do companheiro, que exige tolerância e aceitação, e no amor propriamente, que inclui demonstrações afetivas e respeito.
Mesmo jurando amor eterno, está cada vez mais comum os casais não conseguirem avançar além do 10º ano juntos. Na prática, um a cada três casamentos termina em divórcio no Brasil. Só em 2016, foram 344 mil separações, de acordo com o último censo do IBGE.
Então, para obter sucesso na relação conjugal é necessário ter maturidade para lidar com uma série de questões, por isso, ainda que haja problemas, como profissional da área, eu acredito que é possÃvel evitar a ruptura. Mas, para isso, o casal em comum acordo deve querer olhar para o relacionamento e lidar com os conflitos e crises.
Quando não há outro jeito e a separação passa a ser a melhor solução, ela deve ser encarada e construÃda de forma madura, principalmente se houver filhos da relação. Ou seja, estar casado ou sair do casamento exige uma nova postura do homem e da mulher, devemos refletir sobre isso.
O principal beneficiado dessa esforço em ‘crescer’ emocionalmente é o próprio casal, que terá muito mais chance de obter sucesso na próxima relação afetiva. Além disso, se houver filhos, o sucesso deles também depende de como vai ser o enfrentamento a este momento difÃcil para todos.
Conscientize que a separação é uma escolha de gente grande, porque exige, por exemplo, saber separar o papel de pai e de mãe do papel de cônjuge. Cabe aos pais (no plural) manterem o vÃnculo com os filhos para o resto da vida. Nisso não se mexe, disso não se abre mão. E é esta atitude assertiva que mantém a saúde mental de crianças e jovens para entrarem na vida adulta.
É importante frisar que muitos jovens buscam nas drogas ou mesmo outras situações perigosas e autodestrutivas para tentarem o preenchimento do vazio deixado por um dos pais ou de ambos após a separação. A depressão também pode ser experimentada como a dor desse vazio.
Claro que não é fácil lidar com o turbilhão de acontecimentos dentro e fora que vem junto da separação. No entanto, pelo bem dos filhos, é muito importante não levar informações detalhadas ou de desentendimentos entre as partes a eles. Também não se deve fazer crÃticas ou desqualificar o outro, o que na prática pode se configurar como alienação parental, que hoje é crime passÃvel de punição.
Outro ponto importante que pode servir de estÃmulo na busca da assertividade: a próxima relação só tem chances de sucesso se houver respeito pelo ex-parceiro. Independente dos problemas, é fundamental ser grato ao outro pelos bons momentos e sempre falar apenas das caracterÃsticas boas aos filhos. Em um ambiente de respeito, todos ficam livres para amar e olhar para o futuro.
Pode parecer impossÃvel no inÃcio construir algo desse nÃvel, porque, normalmente, o término acontece em momentos diferentes para os envolvidos. Salvo exceções, a ruptura costuma ter a iniciativa de um dos dois, por isso, é preciso paciência com aquele que não está aceitando enfrentar o processo de luto, que envolve tristeza e raiva.
De todo modo, as responsabilidades devem ser compartilhadas, porque em uma relação adulta, como deve ser de um casal, não há lugar para vÃtima. Se acabou, houve dificuldade em ambas as partes.
Para ajudar nesse processo, a psicoterapia é uma importante ferramenta para o casal e os filhos, porque contribui na resolução de conflitos e harmonia familiar. O casamento acabou, mas o amor pode sim ser mantido, por meio de uma separação saudável e com respeito mútuo em que todos são beneficiados.
Dulce Figueiredo, psicóloga com 24 anos de experiência e pedagoga pela UFRJ, especialização em terapia de famÃlia sistêmica, MBA Gestão de Recursos Humanos, @psicologadulcefigueiredo, dulcefig@gmail.com