A Associação dos Delegados de PolÃcia do Brasil (Adepol Brasil) e outras entidades da categoria repudiaram hoje, em nota, as declarações do presidente Jair Bolsonaro em relação à investigação do assassinato da vereadora Marielle Franco e seu motorista Anderson Gomes.
Ontem, Bolsonaro disse a jornalistas que o delegado da PolÃcia Civil do Rio de Janeiro seria “amiguinho” do governador do estado, Wilson Witzel, e insinuou que o governador estaria manipulando as investigações do crime cometido em março do ano passado para envolver o nome do presidente. Os dois devem se enfrentar na disputa presidencial em 2022.
“A minha convicção é de que ele (Witzel) agiu no processo para botar meu nome lá dentroâ€, afirmou o presidente durante a compra de uma moto em pleno feriado de Finados, em BrasÃlia.
Dias antes, Bolsonaro havia afirmado que soube por Witzel que seu nome estava envolvido no processo de investigação da morte de Marielle e Anderson, depois que o porteiro do condomÃnio onde tem casa no Rio, o Vivendas da Barra, ter informado no processo que o suspeito de matar a vereadora teria procurado por Bolsonaro no dia do crime. O presidente porém estava em BrasÃlia no dia e nega qualquer envolvimento com o crime.
Ontem, Bolsonaro também afirmou que obteve os áudios das ligações feitas entre a portaria e das casas do condomÃnio antes que elas fossem adulteradas, causando a reação de parlamentares da oposição, que pretendem acionar o presidente na Procuradoria Geral da República (PGR) por obstrução de Justiça.
A associação dos delegados destaca que o cargo de chefe do executivo não dá o direito a Bolsonaro a cometer “atentados à honra das pessoas”, principalmente das que desempenham funções no interesse da sociedade e não de qualquer governo.
“Valendo-se do cargo de Presidente da República e de instituições da União, claramente ataca e tenta intimidar o delegado de PolÃcia do Rio de Janeiro, com intuito de inibir a imparcial apuração da verdade”, diz a nota da Adepol.
As entidades reafirmam o apoio irrestrito ao delegado responsável pela investigação e repudiam qualquer intimidação a ele e ao trabalho da PolÃcia Judiciária. Além da Adepol do Brasil, assinam a nota a Fendepol (Federação Nacional dos Delegados de PolÃcia Civil do PolÃcia Civil), o Sindelpol-RJ (Sindicato dos Delegados de PolÃcia Civil do Estado do Rio de Janeiro), o Sindepol-AM Sindicato dos Delegados de PolÃcia Civil do Estado do Amazonas) e a Adepol-PA ( Associação dos Delegados de PolÃcia do Pará).