Quatro meses após ser alvo de uma facada durante a campanha, o presidente Jair Bolsonaro se submete nesta segunda-feira (28) a uma cirurgia para retirar a bolsa de colostomia que foi colocada à época.
O procedimento não é de alto risco, mas Bolsonaro deverá ficar internado por até dez dias, perÃodo em que deverá despachar de um escritório montado para ele no Hospital Albert Einstein, em São Paulo.
O vice-presidente, general da reserva Hamilton Mourão, assumirá o comando do paÃs por apenas 48 horas após a operação. Será a segunda vez em menos de uma 7 dias que Mourão substitui o presidente, que viajou para Davos na última semana.
De acordo com o porta-voz da Presidência da República, general Otávio Santana do Rêgo Barros, Bolsonaro entraria no centro cirúrgico por volta das 6h desta segunda e terá um descanso estrito por 48 horas, por ordens médicas.
“A partir daÃ, o presidente vai ser descolado para região da área da UTI, em condições mais humanizadas, e passará a exercer contato com integrantes do governo mais próximosâ€, informou o porta-voz, na última sexta-feira (25).
Serão feitas atualizações diárias à imprensa com informações sobre o estado de saúde de Bolsonaro, com base nos boletins técnicos emitidos pela equipe médica.
No perÃodo em que trabalhar do hospital, Bolsonaro deve receber apenas ministros mais próximos. O novo governo tem realizado reuniões ministeriais à s terças-feiras. A exceção foi na última semana, quando o presidente e 3 ministros viajaram para o Fórum Econômico Mundial, em Davos, na SuÃça.
A primeira-dama, Michelle Bolsonaro, irá acompanhar o marido em todo o perÃodo de internação. Apesar da expectativa de recuperação em dez dias, é possÃvel que a data mude, de acordo com o estado de saúde do paciente.
Atentado e cirurgias
Bolsonaro usa uma bolsa de colostomia desde que foi alvo de um ataque em 6 de setembro, durante ato de campanha em Juiz de Fora. O agressor, Adélio Bispo de Oliveira, foi preso em flagrante e confessou o crime.
A bolsa funciona como um intestino externo e possibilita a recuperação do intestino grosso e delgado.
A facada atingiu o intestino do então candidato ao Palácio do Planalto, que foi submetido a 3 cirurgias, uma na Santa Casa de Juiz de Fora, cidade do atentado, e 2 no Hospital Albert Einstein. O ex-deputado passou 22 dias internado.
Em setembro, dez dias após o atentado, Bolsonaro fez uma transmissão ao vivo da unidade de terapia semi-intensiva em que reforçou seu discurso de campanha.
No vÃdeo, ele insinuou que as eleições poderiam ser fraudadas e criticou a resistência da Justiça Eleitoral em adotar o voto impresso. “A narrativa agora é que eu perderia para qualquer um no segundo turno. Não é perder no voto, é perder na fraude. Então, essa possibilidade de fraude no segundo turno, talvez no primeiro, é concretaâ€, disse.
Foi também no Albert Einstein que o ex-deputado concedeu a primeira entrevista após o atentado. Na conversa com o jornalista Augusto Nunes, da Rádio Jovem Pan, em 24 de setembro, Bolsonaro disse ter sido vÃtima de um atentado polÃtico e criticou as investigações do caso. Bispo já havia sido filiado ao PSol e familiares e aliados de Bolsonaro tentam até hoje ligar o partido ao atentado.
O capitão da reserva deixou o hospital em 29 de setembro, mesmo dia em que embarcou para o Rio de Janeiro, de onde continuou as atividades eleitorais. Seu estado de saúde foi usado como justificativa para não participar dos debates presidenciais transmitidos pelas emissoras de televisão. No dia do debate da TV Globo, Bolsonaro concedeu uma entrevista, exibida no mesmo horário, à Record.
O perÃodo do General Mourão na presidência
Na última semana em que esteve à frente do Planalto, Mourão assinou um decreto que limitou a Lei de Acesso à Informação (LAI). Ele também teve uma agenda marca por encontros com embaixadores, especialistas da área de infraestrutura, militares e prefeitos.
Ao contrário de Bolsonaro, que cancelou uma entrevista coletiva à imprensa em Davos, o general da reserva adotou um tratamento mais próximo a jornalistas.
Neste ano, o vice chamou atenção após o filho Antonio Hamilton Rossell Mourão ser promovido a assessor da presidência do Banco do Brasil, o que triplicou seu salário. Na época, o pai disse que a decisão foi por mérito.
Durante a campanha eleitoral, Mourão também provocou controvérsias, como ao dizer que famÃlias pobres “sem pai e avô, mas com mãe e avó†são “fábricas de desajustados†que fornecem mão de obra para atividades criminosas.