Correu o país e viralizou nas redes o discurso de um candidato a prefeito da cidade de Cocal, no Piauí, que pedia votos dizendo que o seu principal diferencial em relação ao adversário era que tinha roubado bem menos na época em que administrou o município. O que mais nos choca nessa história é perceber que ainda hoje, depois de tantos anos de uma democracia consolidada, ainda nos deparamos com uma realidade que agride as pessoas do bem. Onde vemos governantes e parlamentares que administram os seus mandatos de costas para o povo e, muitos, de braços dados com a corrupção e alinhados aos interesses escusos.
Com a Constituição de 1988, finalmente, instaurou-se no Brasil uma democracia participativa, pelo menos no nome. De fato, em seu artigo 1º, a Carta Magna garante que “todo o poder emana do povo”. Infelizmente o que temos visto, nestas três décadas de redemocratização, é um hiato crescente entre o povo e seus representantes, seja no Executivo, seja no Legislativo. Tivemos pacotes econômicos desastrosos, políticas de juros que mais parecem pirataria financeira, confiscos da poupança, aumento da recessão e do desemprego, enriquecimentos ilícitos _ no ápice _ representados pelo tríplex do Lula no Guarujá, enfim, a política virou ópera bufa com manchetes nas colunas policiais.
E a corrupção se institucionalizou a tal ponto que em apenas 30 anos tivemos dois presidentes que sofreram impeachment e um número sem fim de escândalos envolvendo parlamentares presos por abocanhar mensalões e mensalinhos. Alguns levando o descaramento a tal ponto que foram flagrados carregando dinheiro de propina dentro da cueca. Quase faltou cadeia para tanto político. Mas o que não faltou foi cara de pau pois muitos estão aí de volta nessas eleições como padrinhos políticos de candidatos.
Não é à toa que a grande maioria das pessoas se sente traída e que o “não me representa” seja a melhor expressão da relação atual entre o povo e os políticos. Dá aquela sensação de que isso nunca vai mudar. Que política é assim mesmo e que não temos forças nem alcance para mudar a realidade. Mas não é assim. Não é mesmo. No próximo 15 de novembro deste ano de pandemia, as pessoas no Brasil conviverão com mais de um milhão de candidatas e candidatos para o parlamento e para o executivo municipal. Serão mais de 100 mil vagas disputadas em todo o país e a escolha caberá exclusivamente a mim, a você, a nós todos que estamos fartos dessa novela sem mocinhos.
No exercício da soberania popular, um raro momento em que todos somos iguais, independentemente de raça, sexo, condição financeira, credo, classe ou grupo social, o voto consciente é o instrumento poderoso que pode trazer mudança política e social para todo mundo. É chegada a hora da retomada de confiança. É preciso que tenhamos força e coragem para tirar o Brasil do calabouço de uma crise moral que parece não ter fim. Na economia, vivemos também uma situação dramática, com milhões de brasileiros desempregados. A saúde, a educação, a segurança, tudo precisa de um novo eixo para que as coisas andem. Aí eu pergunto: tem como o Brasil se ver livre dessas amarras? Claro que sim. A reconquista da credibilidade, repito, está nas nossas mãos.
A importância do voto consciente me faz lembrar figuras memoráveis como Theodore Roosevelt (1858-1919), ex-presidente dos Estados Unidos. Ao falar sobre o assunto, ele ressalta: “Um voto é como o rifle: sua utilidade depende do caráter de quem usa”. Já o líder negro Martin Luther King (1929-1968), outra personalidade importante da história, nos alerta: “Hoje é sempre o dia certo, de fazer as coisas certas, da maneira certa. Depois será tarde”.
Euclides Ribeiro, advogado especialista em Recuperação de Empresas e candidato ao senado pelo Avante