O deputado federal Nelson Barbudo (PSL), um dos principais apoiadores do presidente da República Jair Bolsonaro em Mato Grosso, desrespeitou a comunidade católica ao declarar que o bispo emérito da Prelazia de São Félix do Araguaia, falecido aos 92 anos no último dia 08 de agosto, “desencarnou para o inferno”. Além disso, se referiu ao religioso afirmando esperar que o “capeta o tenha”.
“Para mim, lugar de comunista é no inferno”, completou Barbudo, em entrevista aos jornalistas Edvaldo Ribeiro e Mariza Batalha, do site O Bom da Notícia, em live nas redes sociais, que foi ao ar na última quinta (13).
Barbudo se exaltou quando foi questionado sobre o motivo de não usar sua influência de parlamentar para ajudar as pessoas que moravam na Terra Indígena Xavante-Marãiwatsédé, na gleba Suiá Missú, em Bom Jesus do Araguaia, ocorrida em 2014, que desde então vivem acampandas em rodoviais no Vale do Araguaia. Exaltado, além de atacar dom Pedro Casaldáliga, chamou a ex-presidente da República Dilma Rousseff (PT) de F.DP.
Após a fala de baixo nível, Barbudo foi repreendido por Marisa Batalha. A jornalista lembrou que o Bispo está entre os 10 grandes humanistas do período atual e que dedicou a vida aos humildes, morrendo sem deixar posses.
Comenda na AL
Já o deputado estadual Valdir Barranco (PT) apresentou Projeto de Resolução para criação da Comenda Dom Pedro Casaldáliga na Asssembleia. Caso seja aprovada, a honraria vai homenagear personalidades que se destacam na área social, em defesa da agricultura familiar, de indígenas e de quilombolas.
“Uma forma sutil, mas importante, de homenagearmos este lutador incansável pela defesa dos direitos dos povos indígenas, das mulheres e dos pequenos agricultores e que infelizmente nos deixou. Que Deus o abençoe onde ele estiver. Dom Pedro Casaldáliga? Presente! Presente! Presente!”, postou Barranco nas redes sociais.
Barranco, que esteve em Ribeirão Cascalheira representando a Assembleia nos funerais de Dom Pedro Casaldáliga, lembrou que movimento pela beatificação do sacerdote já começou. Quem está a frente é o bispo diocesano de Sinop, Dom Neri Tondello.
“Dom Pedro Casaldáliga já está sendo chamado de Pedro do Araguaia, de santo dos agricultores, dos indígenas, dos pobres. Por isso, a Assembleia precisa fazer esse reconhecimento”, completou o petista.
Sepultamento
O bispo foi sepultado na última quarta (12), à sombra de um pequizeiro e próximo ao rio Araguaia, no cemitério dos Karajás e dos Peões, em São Félix do Araguaia, onde Dom Pedro Casaldáliga exerceu seu ministério. Na lápide de aço, consta a frase do próprio sacerdote: “Para descansar, eu quero só esta cruz de pau, com chuva e sol. Estes sete palmos e a ressureição”.