Secretário de Participação Social, Interação e MÃdias Digitais da Câmara, o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) defendeu a regulação de plataformas digitais como forma de lidar com fake news. Segundo o parlamentar a regulação deve garantir, por exemplo, a privacidade dos usuários e deve impedir conteúdos impróprios, como discursos de ódio. Ele ressaltou que a regulação nesse sentido vem sendo feita em paÃses da Europa.
Orlando Silva participou da 13ª Conferência Legislativa sobre Liberdade de Expressão nesta terça-feira (21) na Câmara dos Deputados. O evento foi promovido pelo Instituto Palavra Aberta e pela Associação Nacional de Jornais (ANJ). Representantes dessas instituições defenderam o fortalecimento do jornalismo profissional como antÃdoto para o atual cenário de desinformação.
Na visão do presidente da ANJ, Marcelo Rech, nunca a defesa da liberdade de expressão e de imprensa foi tão relevante no PaÃs. Ele lembrou que há cerca de um mês houve censura de ministro do Supremo Tribunal Federal à revista Crusoé, além de ser um momento de muitas agressões a jornalistas e veÃculos. “Há uma progressiva sofisticação dos métodos de tolher a liberdade de expressãoâ€, ressaltou. Ele chamou atenção para o linchamento virtual contra vozes dissonantes.
Vedação ao anonimato
Para lidar com esse cenário, Rech defende não apenas o fortalecimento da imprensa profissional, como o cumprimento integral da Constituição, segundo a qual é livre a manifestação de pensamento, sendo vedado o anonimato. “Se a legislação fosse cumprida, os robôs nas redes sociais seriam eliminadosâ€, observou.
Ele acrescentou que alguns paÃses têm optado por aprovar legislações restritivas a redes sociais, como aconteceu na Alemanha e na Austrália. “Mas em paÃses em que a democracia ainda não é consolidada, como no Brasil, é complicado abrir portas para o controle da informaçãoâ€, avaliou.
Assimetria regulatória
Já na visão do presidente do presidente da Associação Brasileira de Empresas de Rádio e TV (Abert), Paulo Tonet, há assimetria regulatória entre “empresas que se dizem de tecnologia e vendem informações†e os veÃculos de rádio e TV. “Somos responsáveis pelo conteúdo que distribuÃmos e nada mais justo que nosso concorrente também o sejaâ€, opinou. Tonet ressalta que, quando um veÃculo profissional erra, quem se sente lesado pode exigir judicialmente a reparação.
O jornalista Fernando Rodrigues, do site Poder 360, por sua vez, acredita que empresas como Facebook e Google querem ser vistas como empresas de tecnologia, embora tenham entrado no mercado de comunicação. “Elas não têm as mesmas responsabilidades que as empresas de comunicação e precisam terâ€, concordou. Ele avalia ainda que é preciso fornecer mecanismos para que os usuários diferenciem veÃculos que praticam jornalismo profissional de outros sites, sendo de fato vedado o anonimato.
Por outro lado, o deputado Marcel Van Hattem (Novo-RS) chamou atenção para dados de pesquisa do instituto Datafolha do ano passado, segundo os quais 37% dos brasileiros não confiam na imprensa. Para recuperar a credibilidade, o parlamentar defende mais responsabilidade por parte dos veÃculos.
Criminalização de notÃcias falsas
Presidente executiva do Instituto Palavra Aberta, PatrÃcia Blanco destacou que diversos projetos de lei em tramitação na Câmara (PL 6812/17 e apensados) visam criminalizar as notÃcias falsas, mas ela não considera a saÃda adequada. “Na medida em que você criminaliza algo que você não sabe o que é, você acaba atingindo a própria liberdade de expressão e de imprensa. O que é notÃcia falsa? O que é uma notÃcia fraudulenta?â€, questionou.
Para ela, além do fortalecimento da imprensa profissional, a educação de professores e alunos para interpretar a mÃdia é a saÃda para lidar com o cenário de notÃcias falsas.