A Fazenda Bauru, em Colniza, seria um dos elos entre o doleiro e delator da Operação Lava Jato, Lúcio Funaro (foto) e o ex-deputado José Riva. Funaro teria pago R$ 1 milhão a pedido de Riva para a concretização da compra da fazenda por Riva e o ex-governador Silval Barbosa em 2012. A propriedade foi comprada da empresária Magali Pereira Leite, no valor total de R$ 18,6 milhões. A propriedade está em nome da empresa Floresta Viva Exploração de Madeira e Terraplanagem, que pertence à deputada estadual Janaina Riva (MDB), sua mãe Janete Riva e seu irmão José Geraldo Riva Júnior.
O pagamento feito por Funaro através Transferência Eletrônica Direta (TED) consta em um processo de reintegração de posse que Magali ingressou sob alegação de atrasos nos pagamentos, que, se somado a multas contratuais, ultrapassa os R$ 27 milhões.
Funaro depositou R$ 1 milhão na conta de Magali, referente aos R$ 5 milhões, a tÃtulo de sinal, para a compra da fazenda. Os outros R$ 4 milhões teriam sido quitados pelo ex-deputado e Silval. Tanto Silval como Riva já prestaram depoimentos em que revelam que o ex-governador era ‘sócio-oculto’ da fazenda, e que teria pago cerca de R$ 5,1 milhões, dinheiro proveniente de propina cobrada em incentivos fiscais para frigorÃficos.
Em 2017, veio à tona um inquérito da operação Lava Jato em que Funaro teria citado a deputada Janaina Riva e seu irmão Riva Júnior. O inquérito apura se o doleiro teria usado de suas empresas para promover ‘transações suspeitas’ para a empresa Floresta Viva Exportação de Madeira Terraplanagem, que pertence aos irmãos Riva. O documento também cita o empresário Valdir Piran.
‘Interessante apontar que a conta da Viscaya Holding e Participações (uma das empresas de Funaro), assim, recebeu R$ 300 mil de Valdir Agostinho Piran e, depois, repassou a mesma quantia para Floresta Viva, empresa de José Geraldo Riva Junior e JanaÃna Greyce Riva’, afirma o procurador-geral, Rodrigo Janot.
Piran alegou na época que relacionou-se com Funaro quando comprou dele uma Lamborghini e que toda a documentação comprova a licitude de seus negócios. Janaina Riva alegou que a empresa, apesar de estar em seu nome, era gerenciada pelo pai, José Riva. Nas eleições de 2014, quando disputou a sua primeira eleição, Janaina Riva declarou ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE) de Mato Grosso, que era societária da empresa familiar. Já na disputa de 2018, a sua declaração de bens não constou a empresa.
Outro lado
Procurada pela reportagem a deputada Janaina Riva disse que nunca esteve à frente administrativamente da empresa e que quem responde pela empresa é o ex-deputado José Riva. Já Riva confirmou que Funaro efetuou a transferência de R$ 1 milhão a titulo de sinal para a compra da fazenda. ‘Eram R$ 5 milhões e o Lúcio [Funaro] pagou R$ 1 milhão, por conta de uma terra que vendi para ele. Essa foi a transação. E isso está em contrato e documentado. Ele mandou R$ 1 milhão’, disse o ex-deputado.
Ainda segundo Riva, esse valor era por conta de uma área que teria comprado de terceiros e revendido para o doleiro. ‘Nessa área não tem dinheiro de propina. Isso te garanto. Ele enviou R$ 1 milhão na conta direta da agropecuária Bauru. O restante veio de outras fontes.
De um frigorifico veio R$ 1 milhão, mais um milhão de um amigo de JuÃna e aà tem a parte do Silval, que essa eu não sei de onde ele tirou’, finaliza a nota.