O ex-secretário de Estado de Administração César ZÃlio, que atuou na gestão Silval Barbosa, afirmou ao Ministério Público Estadual (MPE) que as licitações vencidas pela empresa Ãbaco Tecnologia da Informação no perÃodo serviam como “cabide de emprego para apadrinhados polÃticosâ€.
A informação consta na ação civil pública do MPE por improbidade administrativa contra César ZÃlio, o também ex-secretário de Administração Pedro Elias, o ex-secretário-adjunto José Nunes Cordeiro, o servidor Bruno Sampaio Saldanha e o empresário Jandir Milan, proprietário da Ãbaco.
Somente na Secretaria de Administração, a empresa ganhou dois processos licitatórios, entre 2011 e 2013, no valor total de R$ 34,1 milhões. Segundo MPE, os processos foram fraudados mediante direcionamento e os preços, superfaturados para possibilitar o pagamento de propina aos gestores da Secretaria de Administração.
“Que o referido contrato administrativo firmado com o Ãbaco era para contratar servidores com conhecimento na Tecnologia da Informação, no entanto, tal contrato era utilizado para ‘contratar apadrinhados’, era um verdadeiro cabide de empregosâ€, disse ZÃlio, acusado de outros esquemas durante a gestão de Silval.
“Que o interrogando recebia pedidos de diversas autoridades do Estado, dentre os quais da Casa Civil e Gabinete do Governador, sendo que após os pedidos recebidos pelo interrogando para a contratação de pessoas especÃficas, o interrogando encaminhava os “curriculum” de tais pessoas para Jandir Milan, sendo que esse Jandir Milan efetuava a contratação das pessoas indicadas pelo interrogando, sendo que essas pessoas não tinham os perfis técnicos para o exercÃcio das funçõesâ€, acrescentou César ZÃlio.
Ainda segundo o ex-secretário, cada apadrinhado polÃtico chegava a receber um salário mensal de quase R$ 5 mil.
“Que o interrogando tem ciência que nos editais para as contratações constava expressamente o valor a ser pago pelo Estado para a Ãbaco referentes a remuneração dos contratados, sabendo que a Ãbaco tinha uma margem de lucro lÃquida de até 100%, ou seja, exemplificativamente, no contrato nº 043/2008/SAD/MT, firmado com a Ãbaco, constam 48 vagas para serviço de administração de banco de dados, com a remuneração de R$ 14.000â€, disse César ZÃlio.
“Desse valor [de R$ 14 mil] a empresa Ãbaco pagava ao contratado o valor aproximado de R$ 4.700,00; pagando de encargos sociais aproximadamente R$ 4.700,00, sendo que o valor restante R$ 4.600,00, parte é o lucro do contrato e parte é o sobrepreço para conseguir pagar as propinas, pois contratavam pessoas sem o perfil técnico exigido pelo edital e previsto no contrato, conseguindo assim pagar um valor bem abaixo de mercado e atender aos pedidos polÃticos de cargos, acreditando o interrogando que ele pagava propina também para outras pessoasâ€, acrescentou o ex-secretário.
César ZÃlio também revelou no depoimento que após as vagas dos contratos já licitados estarem preenchidas e com o surgimento de novos pedidos de contratação eram realizados novos procedimentos licitatórios direcionados para que a Ãbaco se sagrasse vencedora.
Além da SAD, a Ãbaco também venceu licitações na Secretaria de Educação, Segurança, Unemat e outros.
“Sendo que os contratos eram prorrogados pelo prazo de até 60 meses, sendo que com o término do perÃodo se iniciava novo processo licitatório direcionado a Abaco, sendo que as prorrogações dos contratos firmados com outras Secretarias eram realizadas através de termos aditivos, sendo que o respectivo Secretário de outras Secretarias encaminhavam demandas para a SAD, sendo que era na SAD que os termos aditivos de todas as Secretárias eram firmados, sabendo o interrogando que fez vários aditivos desses contratos da Abaco nos anos de 2011 a 2012,” pontuou.
A ação
Na ação  o Ministério Público Estadual pede a condenação por improbidade administrativa e ressarcimento integral do dano causado ao erário, no valor de R$ 34,1 milhões, além da perda da função pública, suspensão dos direitos polÃticos e pagamento de multa civil.
A ação será analisada pelo juÃzo da Ação Civil Pública e Ação Popular de Cuiabá.