Com a oitava morte por Covid-19 registrada em Mato Grosso, a doença causada pelo novo coronavírus já ultrapassou, em dez dias, os óbitos por dengue, zika e chikungunya notificados pela secretaria de Estado de Saúde (SES) desde janeiro deste ano.
De acordo com boletim epidemiólogico sobre os registros de dengue, zika e chikungunya em Mato Grosso, foram notificadas seis mortes, sendo cinco por dengue, dois deles em Sinop (478 km da Capital), e uma por chikungunya em Várzea Grande, na região metropolitana de Cuiabá.
Lucas do Rio Verde, União do Sul e Vera também registraram vítimas da dengue. Uma terceira morte ainda é investigada em Sinop. No ínicio da pandemia no Brasil, negacionistas chegaram a afirmar que o novo coronavírus faria menos vítimas que as doenças transmitidas pelo mosquito aedes aegypti.
O cenário da Covid-19 no país tem se agravado cada vez mais, chegando a 407 mortes causadas pela doença em apenas 24 horas, entre quarta (22) e quinta (23), sendo 3.670 mil vítimas do vírus no total até este sábado (25). Em Mato Grosso, o primeiro óbito oficial da Covid-19 foi registrado em 3 de abril e o último, sendo a paciente mais jovem do estado, com 24 anos, em 23 de abril.
Caso 50
Em entrevistas coletivas transmitidas através das redes sociais desde que o primeiro caso foi confirmado em Mato Grosso, o secretário de Estado de Saúde, Gilberto Figueiredo, destacou que, assim que a SES fosse registrada sobre o caso de número 50, novos planos de enfrentamento deveriam ser avaliados pela Pasta.
Em 2 de abril, a SES divulgou a primeira morte pela doença em Lucas do Rio Verde, além de 44 casos confirmados da doença. Três dias depois, os testes positivos ultrapassaram 60. Em 3 de abril, o governador Mauro Mendes publicou um decreto sobre o uso de máscaras, mesmo que artesanais, em Mato Grosso.
Desde a divulgação do caso de número 60, as notificações da doença em Mato Grosso quase que quadruplicaram em apenas dez dias. O último boletim da doença divulgada pela SES trazia 241 confirmações e oito óbitos.
Segundo o IBGE, Mato Grosso tinha 3,224 milhões de habitantes em 2019, no entanto, apenas 1,855 mil amostras genéticas foram processadas pelo Laboratório Central do Estado (Lacen). Conforme a última nota técnica divulgada ontem (24), 110 delas ainda estão em análise e 86 foram descartadas.
Mortes por pneumonia e insuficiência respiratória
Em contrapartida à falta de testes disponíveis, cresce o número de notificações da Síndrome Respiratória Aguda Grave (Srag), que pode ter a Covid-19 como causa. Essas notificações já chegaram a 771 em Mato Grosso. Conforme dados do Registro Civil sobre a doença, o estado já 174 mortes por insuficiência respiratória e 253 por pneumonia, condições que também estão atreladas ao novo coronavírus, apontando possível sub-notificação da doença.
Apesar do crescimento dos casos da Covid-19 em Mato Grosso, sobretudo em Cuiabá, registrada como cidade com mais casos da doença, a pressão do setor econômico acarretou na reabertura do comércio. No início da semana, o prefeito Emanuel Pinheiro (MDB) e o governador Mauro Mendes (DEM) publicaram decretos flexibilizando o isolamento social.
A partir de segunda (27), o comércio poderá voltar a funcionar na Capital em horário reduzido, das 10h às 16h. Também foram autorizadas os eventos religiosos, mediante a cumprimento das prerrogativas como, obedecer a capacidade máxima de 50%.
Todos os estabelecimentos deverão oferecer locais para higienização das mãos, além de álcool em gel. O Governo também autorizou o funcionamento dos parques públicos, sendo necessário manter a distância mínima de 1,5 metros entre cada pessoa. O uso de máscara, mesmo que artesanal, permanece sendo obrigatório.
O Governo também avalia a possibilidade de retomada das aulas em escolas públicas e privadas em 5 de maio, caso a ocupação dos leitos de UTI do SUS permaneça inferior a 60% até 30 de abril. A Prefeitura de Cuiabá, em decreto municipal, ainda previu a reabertura de shoppings e academias no próximo mês.