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Tratamento simples faz diferença contra a Covid-19, dizem médicos

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As vacinas concentram a atenção mundial, mas, sem tanto alarde, o tratamento da Covid-19 vem avançando de forma radical.

Um ano após o início da pandemia, para quem tem acesso a atendimento médico rápido, a chance de sobreviver é grande, asseguram especialistas.

À frente dos avanços estão medicamentos baratos, procedimentos terapêuticos simples e, sobretudo, maior conhecimento sobre como tratar os pacientes.

Os médicos aprenderam a modular o uso de corticoides e anticoagulantes, a interpretar exames em busca de marcadores de inflamação.

Descobriram também como usar melhor o oxigênio, tão em falta em Manaus (AM), e a ventilar seus pacientes.

Mas, o que tem feito enorme diferença no tratamento é o atendimento e o acompanhamento diário pelo médico, logo após o surgimento dos sintomas.

A pneumologista e pesquisadora Margareth Dalcolmo, da Fiocruz, diz que é preciso falar diariamente com o paciente, mesmo aquele com sintomas leves.

“Na Covid-19, a saturação de oxigênio pode despencar e a pessoa não percebe. Às vezes, são sinais sutis, como o esforço da musculatura do pescoço e da face, que o paciente nem nota, mas que dizem ao médico que aquela pessoa está com dificuldades para respirar. Nunca atendemos tanta gente com a mesma doença e sinais tão diferentes, como distúrbios de pele, intestino e articulares. Mas a atenção diária ao paciente salva vidas”, afirmou Dalcolmo.

A mesma opinião tem um dos primeiros médicos a atender casos de Covid-19 no Brasil, o pneumologista Carlos Alberto de Barros Franco, da Academia Nacional de Medicina.

Ele garantiu que há condições de conduzir a maioria dos casos a um bom desfecho.

“A ideia equivocada de que a Covid-19 não tem tratamento é resultado do fato de que o coronavírus pega muita gente e há muitas pessoas com comorbidades sendo infectadas ao mesmo tempo, numa população grande num país como o Brasil, sem estrutura adequada”, afirmou o médico.

Barros Franco diz que a doença segue dividida em três fases (leve, moderada e grave), mas a compreensão e o tratamento delas mudaram.

A primeira, na qual ficam 80% dos infectados, é a dos sintomas leves (febre, dor de garganta, tosse, congestão nasal, por exemplo).

HOSPITALIZAÇÃO – Os especialistas frisam que o doente de Covid-19 não deve ficar em casa, ao contrário do que se imaginava quando havia menos conhecimento.

O chefe da UTI do Hospital Copa Star, Fábio Miranda, lembra que antes muitos pacientes já chegavam com a doença avançada, por vezes, irreversível.

“Hoje, pedimos para a pessoa infectada medir, quatro vezes por dia, a saturação de oxigênio com um oxímetro de dedo. Se cair abaixo de 92%, é para ir para o hospital. O contato diário com o paciente, mesmo que pelo telefone, faz com que possamos detectar sinais de agravamento e, quase sempre, evitar o pior”, disse Miranda.

Os especialistas alertam, com ênfase, que não existem tratamentos profiláticos ou preventivos.

“Seria maravilhoso, mas não existem. Esqueçam cloroquina, hidroxicloroquina, zinco, vitamina D, ivermectina, anitta, nada disso provou funcionar. Mas temos outros recursos e ainda boas perspectivas. O fundamental é que o paciente tenha acompanhamento diário, mesmo que pelo telefone. Isso mudou e fez enorme diferença”, salientou Barros Franco.

Se os kits Covid não passam de recurso de médicos que não sabem como tratar pacientes, a ciência mostra que cuidados simples dão bons resultados.

Miranda diz que a hidratação na Covid-19 se revelou extremamente importante.

Água faz mais pelo paciente do que pílulas porque a Covid-19 desidrata perigosamente, sem que a pessoa perceba.

Uma esperança nessa fase da doença é o soro hiperimune de cavalos desenvolvido por cientistas com o apoio da Faperj, já pronto para testes em seres humanos.

Se usado nos primeiros dias dos sintomas, o soro hiperimune poderia evitar o agravamento, a exemplo do que acontece com os soros contra a raiva, o tétano e as picadas de cobra.

Entre as drogas à vista estão a colchicina, um antiinflamatório usado contra a gota.

Foi testada com sucesso no Canadá para modular a resposta imunológica e impedir a chamada tempestade de citocinas, a super inflamação generalizada que leva ao agravamento da Covid-19.

Ela deveria ser dada logo após o surgimento dos sintomas, mas seu uso ainda está em investigação.

Na mesma linha estão os anticorpos monoclonais, como o coquetel americano Regeneron, que o ex-presidente americano Donald Trump tomou.

Esses anticorpos, específicos para o coronavírus, porém, têm contra eles a possível resistência de mutações do Sars-CoV-2 e o alto custo.

Continua, no entanto, a não haver droga para a fase grave. O antiviral Remdesivir, aprovado nos EUA, se mostrou uma decepção. Não teve impacto importante e é muito caro, observou Barros Franco.

Nos laboratórios, cientistas buscam um antiviral específico contra o Sars-CoV-2, que ainda não existe. Mas a chance de cura nunca foi tão grande com o bom uso de velhas drogas, como os corticoides e anticoagulantes.

Os especialistas destacam, porém, que mesmo essas não podem ser usadas sem critério, pois o segredo do êxito está na dosagem e na administração no período correto. Se mal empregadas, são desastrosas.

INEXPLICÁVEIS – A Covid-19, frisam os especialistas, permanece sendo uma doença difícil, que provoca casos inexplicáveis.

Nesta semana, Barros Franco atendeu um homem de 42 anos, praticante de atividade física e sem qualquer comorbidade que, no entanto, teve 100% do pulmão afetado e sofreu graves sequelas. Ninguém sabe o motivo.

“O Ministério da Saúde ter um Kit Covid é uma imbecilidade. Mas não foi isso que causou o caos que vimos em Manaus nem os astronômicos números de mortos no país. A questão é a dificuldade e a desigualdade de acesso à saúde. O Brasil já tinha uma catástrofe instalada na Saúde, agravada pela pandemia e a contaminação política. O resultado é o que vemos”, disse Barros Franco.

PERIGOS DO TRATAMENTO EQUIVOCADO – Distribuídos por alguns médicos e pelo Ministério da Saúde, cloroquina, hidroxicloroquina, vermífugos, zinco, vitamina D e azitromicina são questão resolvida pela ciência: comprovadamente não têm eficácia contra Covid-19.

Veja seus riscos:

Adia cuidado devido: Os pacientes, crédulos, os tomam em vez de tomar os cuidados devidos e acabam agravando seu quadro, destaca o pneumologista Carlos Alberto Barros Franco.

Mascaram sintomas: A pneumologista Margareth Dalcolmo adverte: essas drogas podem mascarar os sintomas da Covid-19.

‘Quinas’ atacam coração: Além de não funcionarem, a cloroquina e a hidroxicloroquina também podem provocar danos ao coração — um alvo do coronavírus.

Aumento da resistência microbiana: A azitromicina é considerada um bom antibiótico.

O problema é que a Covid-19 é causada por um vírus. Ou seja, ela não funciona contra ele.

A pá de cal foi dada esta semana por um estudo britânico integrante da plataforma internacional Recovery (do inglês, Avaliação Randomizada das Terapias da Covid-19).

 

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