Dançarina há mais de 20 anos, a designer de moda Monthana Morimã encontrou na dança do ventre a felicidade e valorização da autoestima. Hoje seu foco é ajudar outras mulheres corpulentas a encontrarem também a “felicidade na dançaâ€. Ela está em processo de montagem de um grupo “Belly Plusâ€, só com dançarinas gordas para levar ao palco no ano que vem.
Candidata a miss plus size por duas vezes, uma em 2014 e outra em setembro desse ano, a jovem 28 anos traçou um longo caminho até se sentir segura e bonita estando acima do peso recomendado para sua altura.
“Participei porque acho muito bonito. Me encanta esse mundo de miss. Depois continuamos a manter contato com as outras candidatas, compartilhando histórias e nos ajudandoâ€, conta a dançarina.
Fora do miss e seguindo com as aulas de dança do vente, ela incentiva mulheres a encararem o espelho e se amarem da forma que são. Para isso, ela reúne turma de dançarinas obesas para iniciarem as aulas e fazerem disso uma terapia que as ajude a “saÃrem do armárioâ€.
“O que eu quero é levar as dançarinas e mostrar a realidade. Porque querer levar é uma coisa, mas sentar e conversar com elas. Explicar que vão ter olhares e isso é complicado, mostrar a barriga é complicado, a pele do braço é complicado. E você está pronta para isso?â€, explica. A expectativa é que o “belly plus†se apresente em 2020.
A professora afirma que há toda uma preparação para as apresentações e o grupo é importante para o fortalecimento das aprendizes. “É óbvio que a primeira vez que elas subirem no palco vai ser um baque. A galera ainda não está preparada para ver muita gordurinha mexendo. Essa vai ser minha grande missão. Estão acostumados a ver a mim ou a Jasmine dançando, que é um respeito conquistado por anos, mas ver um monte de mulheres ainda não. Quero ver como vai serâ€, conta a dançarina que ressalta o objetivo de quebrar tabus e dar espaço para a diversidade.
Apesar de todo o processo de valorização e boa autoestima, todo dia é uma luta para não considerar os olhares e os comentários desagradáveis em relação ao peso. No convÃvio com outras mulheres, Monthana percebe que o incômodo quanto à s formas não atinge só quem está acima do peso, mas quem está no “corpo idealâ€, o padrão que a sociedade prega, é que torna muitas pessoas infelizes. “Nenhuma mulher está satisfeita. “As lÃderes, que colocam a cara no sol, são que vão levar isso (aceitação) para frenteâ€, pontua.
Mesmo lutando contra a gordofobia e ter o foco em montar sua turma de mulheres, segundo ela, todas são bem vindas independente da forma. “Eu quero a felicidade na minha turma. Quero pessoas que estejam dispostas a encontrarem a felicidade na dançaâ€.
Preconceito
Desde pequena, ela sempre foi “maior” que as outras colegas e o temperamento “travesso†fez com que os pais a colocassem no balé “ para que se tornasse mais femininaâ€. Porém, a iniciativa não deu muito certo, pois a dançarina conta que, aos 7 anos, sofria preconceito por ser mais gordinha que as outras meninas. Discriminação essa que partia da professora e fez com que Monthana ficasse nas aulas por apenas um mês.
De lá, descobriu a dança do ventre e, ainda criança, começou a se apresentar e tomou gosto pelo palco e encontrou seu espaço naquele estilo de arte.
Apesar da dança e de sempre praticar esportes, a jovem sempre esteve acima do peso e lutou para emagrecer a todo custo. Já recorreu a remédios e dietas restritivas que não funcionavam. O caminho foi árduo até que a dançarina ficasse feliz com a imagem. Hoje isso não a abala, como afetava antes, mas todo dia é um desafio a ser enfrentado para que a imposição do corpo “padrão” não a coloque em dúvida sobre sua autoestiam ou a deixe triste.
Os anos de dança e o amadurecimento proporcionaram à professora fazer as pazes com o corpo e com o espelho. Agora ela compartilha seu conhecimento e ajuda a outras mulheres a também se enxergarem maravilhosas e com carinho.
Além de dançarina, Monthana é costureira e bordadeira e divulga seu trabalha na página no facebook.