O Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso (Sintep/MT) é contrário a volta às aulas na rede pública com um cenário de pandemia que ainda ameaça a saúde da população. A avaliação dos dirigentes sindicais foi manifestada após estudo ao Decreto estadual nº 462, publicado ontem (22.04) pelo governo estadual. Nas mídias, o governador Mauro Mendes anunciou que estuda retomada do ano letivo ainda no mês de maio.
Com base no decreto, a flexibilização se baseia nos números de casos notificados e no número de leitos de UTI’s e clínicos, disponíveis para atender as vítimas de Convid-19 em Mato Grosso. Tanto que utiliza como parâmetro para a retomada de atividades, o comprometimento de 60% dos leitos de UTI disponíveis. Anunciando inclusive um bônus estadual que é a UTI aérea, para deslocamento de vítimas.
Notificações
O sindicato alerta que em momento algum no texto foi apresentado orientação para controle da pandemia, baseado em curva de notificações. Uma ferramenta utilizada pelos especialistas para medir o avanço, estabilidade e controle da proliferação do vírus. Sem o foco no estágio da contaminação, a flexibilização estaria sendo realizada no escuro, pois os números de contágio podem estar baixos devido a medida de isolamento. “O governo cede a pressão do setor econômico para voltar as atividades”, argumenta Valdeir Pereira, presidente do Sintep/MT.
Segundo o presidente do Sintep/MT, a política adotada pelo governo de Mato Grosso se manteve alinhada com as recorrentes práticas do seu governo. Valdeir destaca a opção pelo contingenciamento durante a crise de saúde, quando desempregou profissionais contratados da educação. “A suspensão do processo de atribuição de aulas/vagas nas escolas foi uma opção administrativa. Assim como o fato de não ter promovido nenhuma prática de assistências as famílias que ficarão vulneráveis durante o isolamento”, destaca.
Risco
Para o Sindicato a retomada das aulas nas escolas públicas é uma ameaça ainda maior, pois fará com que a aglomeração seja um caminho fértil para o contagio. Na escola as medidas preventivas são consideradas inviáveis. Primeiro porque o distanciamento é impossível para uma sala de aulas das redes públicas. “Teriam que dobrar o número de salas nas escolas para acomodar todos os estudantes, nessa distância”, alerta.
Valdeir cita ainda não haver profissionais suficientes para manter a limpeza e higienização das salas como preconiza as práticas de saúde. Mesmos os pais não sentem segurança em levar seus filhos para as escolas. E os profissionais da educação estarão desprotegidos, porque muitos fazem parte do grupo de risco”, afirma o presidente do Sintep/MT.
Quanto ao argumento do calendário escolar a secretária adjunta de Políticas Educacionais, Maria Luiza Zanirato, esclarece que segundo debate nacional junto ao Fórum Nacional Popular de Educação, a orientação é para que a discussão seja retomada quando houver segurança, e poderá ter diferentes configurações conforme cada comunidade escolar optar.
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