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Série: O Nortão em detalhes

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Nova Mutum reverencia o casal de colonizadores Hilda Strenger Ribeiro e José Aparecido Ribeiro.

No centro da cidade, uma escultura em tamanho normal mostra Hilda e José Aparecido traçando o projeto urbano da cidade.

Ela e ele empresaram seus nomes a escolas locais. José Aparecido Ribeiro é a denominação do parque de exposições do município, que é palco de uma das principais feiras agropecuárias mato-grossenses.

NOVA MUTUM – Município com 9.532,064 km² e 45.378 habitantes, Nova Mutum tem renda per capita de R$ 65.340,93 e Ìndice de Desenvolvimento Humano (IDH) 0,758, Sua emancipação de Diamantino e Nobres aconteceu em 4 de julho de 1988 por uma lei do deputado Hermes de Abreu sancionada pelo governador Carlos Bezerra.

Como quase tudo no Nortão, Nova Mutum teve sua origem com a BR-163, que cruza sua área urbana. Antes da rodovia, em 1966, o advogado paulista José Aparecido Ribeiro liderou um grupo de investidores que comprou uma gleba pertencente a Jorge Rachid Jaudy, com aproximadamente 188 mil hectares no município de Diamantino e criou a Agropecuária Mutum.

Em 26 de maio de 1978, quando a BR-163 era uma estrada recém-inaugurada, José Aparecido fundou Nova Mutum. O vilarejo não tinha nenhuma estrutura. Seus primeiros imóveis foram 10 casas de madeira que ainda resistem ao tempo na área central.

Para quem se dirigia de Cuiabá para Santarém ou em busca do sonho de vida nova no Nortão, Nova Mutum era a primeira vila depois de Rosário Oeste. Muitos passavam. Alguns ficavam e o aspecto urbano mudou.

O município é um dos maiores polos da produção de soja, algodão e milho safrinha do Brasil, e tem um bom parque agroindustrial.

FOTO: Boamidia

Para sempre no solo

Para sempre no solo independentemente que o céu seja não de brigadeiro. Não voa mais! O bimotor que prestou grande serviço ao Nortão aterrissou para sempre em Alta Floresta, que tanto ajudou a crescer. Agora, o bom Douglas DC-3 em sua versão cargueiro C-47 de prefixo PT-KVA é patrimônio cultural sobre um pedestal para encher de beleza os olhos dos turistas e marejar o olhar de seus passageiros nos tempos da loucura do garimpo de ouro no Nortão.

 

Os gêmeos Wilson Clever Lima e William José Lima, seus donos e seus comandantes, que na proeza de seus pousos e decolagens em situações climáticas muitas vezes adversas em arremedos de improvisadas pistas ganharam o apelido de Irmãos Metralha, tiraram as mãos do manche e guardaram seus brevês. Nos anos 1980 cruzando os céus do município sobre o rio Teles Pires e suas matas o imponente C-47 carregou muito ouro, mas seu transporte mais precioso sempre foi o povo de Alta Floresta.

Os Irmãos Metralha doaram a famosa aeronave ao povo de Alta Floresta e agora ela atesta a magia do ciclo do ouro, quando praticamente não havia estradas na região e o transporte aéreo era o pulmão que bombeava ar ao coração econômico e social da cidade, nas famosas pistas de garimpo e por onde mais se possa imaginar.

William agora não mais, vê do alto a cidade. Reconhecido por muitos, caminha pelas ruas entre os moradores do município, onde presidiu o Sindicato Rural; é um entre seus habitantes. Seu irmão Wilson parou de voar na segunda-feira 28 de abril de 2014 quando em Araçatuba (SP) fechou os olhos para sempre, vítima das sequelas de um aneurisma. Naquela data o comandante Wilson Metralha decolou para o céu, de onde namora Alta Floresta – uma de suas grandes paixões. À noite, se transforma na mais brilhante estrela sobre a cidade que Ariosto da Riva colonizou com sua empresa Integração, Desenvolvimento e Colonização (Indeco). façanha essa que lhe rendeu o reconhecimento do jornalista, escritor e compositor David Nasser que o chamou de “O Último Bandeirante”.

Maior da América Latina

Colíder, à margem da Rodovia MT-320 e na calha do rio Teles Pires, é um dos principais municípios mato-grossenses. Sua base econômica é a cadeia pecuária, mas seu grande orgulho é um mural entalhado em mogno representando a Santa Ceia do Senhor Jesus Cristo.

A peça fica aos fundos do altar da Igreja São João Batista da Paróquia João XXIII. Mede 11,50m por 3,65m.

O mural foi entalhado pelo artista local Mário da Silva com apoio de Nelson SilvaAnísio Matias e Antônio Rodrigues e apresentada aos fiéis da igreja em 18 de abril de 1993.

“O orgulho (do mural) tem razão de ser”, observou o padre Vitório Sachi numa conversa que tivemos em 2000. Sachi tinha razão. Afinal, a obra de arte dos colidenses é a maior do gênero na América Latina.

COLÍDER – Município com 3.103,958 km² e 33.438 habitantes, sede de comarca, Colíder tem renda per capita de R$ 26.319,79 e IDH 0,713. É um dos principais polos da pecuária estadual, tem frigórico bovino e promove grande feira agropecuária. Um dos poucos hspitais regionais mato-grossenses está instalado naquela cidade.

A emancipação aconteceu em 11 de dezembro de 1985 por uma lei do deputado Alves Ferraz sancionada pleo governador Jùlio Campos.

Eduardo Gomes – Boamidia

FOTO: Boamidia

O grande incêndio

O maior incêndio urbano em Mato Grosso no pós-divisão que criou Mato Grosso do Sul em 1977 aconteceu em Marcelândia, na Bacia do rio Xingu.

 

No dia 11 de agosto de 2010 a cidade foi vítima de um fogo que destruiu mais de 110 barracos no distrito industrial e atingiu no todo e em parte 15 serrarias e similares, além de tratores, veículos, equipamentos, toras e madeira beneficiada.

Felizmente ninguém se feriu.

O fogo continuou por dois dias, mas cada vez com menor intensidade.

Segundo a Defesa Civil em Cuiabá, o fogo  teria começado num depósito de lixo próximo à área urbana.

Coincidentemente ou não, a população do município despencou entre 2010 e 2019, de 12.006 habitantes para 10.499.

MARCELÂNDIA – Município desmembrado de Sinop em 13 de maio de 1986 por uma lei das bancadas do PDS e PMDB sancionada pelo governador Júlio Campos, Marcelândia é sede de comarca, seu IDH é 0,701 e a renda per capita R$ 27.675,63. Sua ligação com a BR-163 é pavimentada. A base econômica nos primórdios da colonização foi a atividade madeireira, que aos poucos foi substituída pela pecuária e a agricultura.

O nome do município reverencia Marcelo Gramolini Bianchini, filho do colonizador do lugar, José Bianchini.

FOTO: Boamidia

Maior usina de Mato Grosso

Com cinco turbinas a UHE Teles Pires gera 1.820 MW, energia suficiente para a demanda residencial de 5 milhões de consumidores; é a maior usina de Mato Grosso.

Seu reservatório tem 95 km² e o rio sofre represamento em 70 quilômetros. A altura máxima é de 80 metros com queda bruta de 59 metros e extensão de 1.650 metros. Seu raio direto tem 84% em Paranaíta e 16% em Jacareacanga (PA).

A usina dista 85 quilômetros de Paranaíta e recebeu financiamento de R$ 5 bilhões do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Estima-se que cinco mil operários e técnicos trabalharam em sua construção.

FOTO: Divulgação

 

Menor município

 

Novo Horizonte do Norte
Novo Horizonte do Nortão, o menor município do Nortão,  foi colonizado pelo empresário paulista José Kara José, que para tanto criou a Imobiliária Mato Grosso (Imagrol).  Sua área é de 898,499 km². A média territorial dos municípios da região é de 6.658 km² e o maior é Juara, com 22.622,350 km².

O município tem 4.004 habitantes, renda per capita de R$ 16.608,59 e IDH 0.664. A cidade é plana, parcialmente pavimentada e a água é distribuída em todas as moradias, mas não há tratamento de esgoto. O rio Arinos, afluente do Juruena que é formador do Tapajós, banha o município, que pertence à comarca de  de Porto dos Gaúchos. A pecuária é a principal base econômica.

A cidade dista 30 quilômetros de Juara por rodovia pavimentada. Seu trajeto rodoviário pavimentado na ligação com Cuiabá é o mesmo daquela cidade, observada a distância entre elas.

A colonização da gleba que posteriormente se transformaria no município de Novo Horizonte do Norte começou em 21 de agosto de 1968, através da Imagrol. O nome primitivo era Novo Horizonte. Um escritório da empresa, instalado em Maringá, no Paraná, centralizava a venda de áreas de tamanho variado na zona rural.

Antes de ampliar seus negócios no Estado e colonizar aquela área no Vale do Arinos, José Kara José mantinha atividades agropecuárias no Vale do Jurigue, no município de Pedra Preta, no polo de Rondonópolis.

Entusiasmado com o projeto de implantar uma cidade na Amazônia, ele escolheu o nome de Novo Horizonte para o futuro município, por acreditar que ali todos teriam um imenso horizonte. Nos primeiros anos, durante o período das chuvas, Novo Horizonte ficava isolado de Porto dos Gaúchos e Cuiabá enquanto as águas do pequeno rio Mestre Falcão permanecessem cobrindo a única rodovia que a ligava a Juara e ao restante de Mato Grosso. Na seca, não havia problema com estrada, mas eram poucos os veículos que por ali trafegavam. Antigos moradores que faziam compras de supermercado em Porto dos Gaúchos dependiam de carona.

Vila pertencente a Porto dos Gaúchos, Novo Horizonte virou distrito daquele município em 31 de maio de 1976 por uma lei sancionada pelo governador Garcia Neto. Em 13 de maio de 1986 o governador Júlio Campos sancionou uma lei das bancadas do PDS, PFL e PMDB emancipando o distrito e mudando seu nome para Novo Horizonte do Norte.

FOTO: Prefeitura de Novo Horizonte do Norte 

O Duelo

O Duelo é o título dessa escultura em concreto armado, do artista plástico Nelson Juvenal da Silva Nuhvenal, que dá forma escultural ao duelo entre o peão e o boi na arena de rodeio. O animal retratado seria o boi que derrubou e matou o peão Buiú, que era o mais famoso na região.

A obra é o grande destaque do parque de exposições da cidade e foi doada pelo autor ao município.

FOTO: Boamidia

 

Bê-á-bá

A primeira escola
A primeira unidade escolar criada no eixo da BR-163 no Nortão foi a Escola Estadual Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, em Vera.

Essa escola foi criada pelo governador José Fragelli em 23 de abril de 1974 e que em média mantém 1.100 alunos matriculados.

Até 2007 a Escola Nossa Senhora do Perpétuo Socorro funcionou em instalações improvisadas, mas naquele ano o governador Blairo Maggi inaugurou um prédio com 24 salas de aula e dependências administrativas virando de vez a página do improviso.

FOTO: Boamidia

 

 

Assentamento vira cidade

 

Carlinda

Nome reverencia memória da mulher do capitão Teles Pires 

 

Carlinda nasceu da reforma agrária. Em 1981 o Projeto de Assentamento Parque Carlinda, numa área de 89 mil hectares do Incra, foi o embrião da cidade. Desde 1976 havia moradores dispersos na região, que ali chegaram com a abertura de MT-320 que liga Alta Floresta à BR-163.

O município tem 2.416,144 km² e 10.305 residentes. Seu IDH é 0,665. A renda per capita é de R$ 16.069,29. A cidade é plana, parcialmente pavimentada, a água tratada é captada no rio Buriti por uma empresa concessionária e chega a todos os domicílios.

Não há coleta de esgoto. Carlinda tem a vila de Del Rey, à margem da MT-320 no sentido Sul, para Colíder.
Distante 25 quilômetros de Alta Floresta – principal cidade num raio de 250 quilômetros – pela pavimentada MT-320, Carlinda tem vantagens e desvantagens com essa proximidade.

Município banhado pelo Teles Pires, Carlinda depende de uma balsa para fazer a travessia daquele rio na MT-419 em sua ligação com a cidade de Novo Mundo. A base econômica é a pecuária, seguida pela agricultura.

MEMÓRIA – O primeiro nome do lugar foi Quatro Pontes, que nasceu da irreverência popular: enchentes arrastaram três pontes sobre o rio Carlinda; a quarta foi construída e resistiu à força das águas. A vila que começou em 11 de abril de 1981 passou a ser chamada de Quatro Pontes, mas esse nome foi descartado, prevalecendo à denominação Carlinda, pois é desse modo que a região é conhecida em razão do rio de igual denominação que a banha.
Carlinda, o nome do rio e do município, rende homenagem a Carlinda Lourenço Teles Pires, mulher do capitão Teles Pires, que morreu afogado naquele rio..

O distrito de Carlinda foi criado no município de Alta Floresta em 9 de abril de 1987 pelo governador Carlos Bezerra que sancionou uma lei do deputado João Teixeira. A emancipação aconteceu em 19 de dezembro de 1994, data em que o governador Jayme Campos sancionou uma lei do deputado Leonildo Menin.

FOTO: Prefeitura de Carlinda

 

 

Quem não tem ponte vai de balsa

 

Balsa no rio Teles Pires entre Carlinda e Novo Mundo

O Nortão ainda depende de balsas em algumas rodovias. Uma, na MT-419, faz a travessia do rio Teles Pires entre Carlinda e Novo Mundo.

A ligação de Matupá com São José do Xingu, no Vale do Araguaia, pela MT-322,  depende de uma balsa na travessia do Xingu.

Há balsas, também, nos trajetos entre Paranaíta e Apiacás, Nova Bandeirantes e Cotriguaçu, Juruena e Juara, Nova Guarita e Carlinda, e outras.

FOTO: Boamidia

Abrigo para gaúchos vítimas de luta agrária

Terra Nova do Norte
Terra Nova do Norte leva a marca do pioneirismo do pastor luterano, jornalista, político e escritor Norberto Schwantes, que no Nortão também colonizou Nova Guarita, e no Vale do Araguaia, Canarana, Água Boa e Querência. Na calha do rio Teles Pires, Terra Nova do Norte tem 2.432,070 km², 9.667 habitantes, IDH  0,698 e renda per capita de R$ 23.500,84. Esse  município abrigou atingidos por problemas agrários no Rio Grande do Sul.

 

José Almir, pioneiro

O mosaico fundiário de Terra Nova do Norte é de pequenas propriedades e boa parte dessas áreas se dedica à pecuária leiteira. Nos primórdios o município cultivou café e guaraná, mas ambas as lavouras perderam espaço. O rebanho bovino do município e região é grande e, isso, motivou a criaçao de uma cooperativa que recebe leite em sua plataforma para a produção de lácteos que são distribuídos para diversos estados. A economia está consolidada.

A cidade é parcialmente pavimentada e não tem déficit habitacional, mas enfrenta o problema da falta de captação e tratamento de esgoto. Á água chega a todas as moradias. A cultura da predominante colônia gaúcha é mantida no Centro de Tradições Gaúchas Querência Nova.

A ocupação da área que futuramente seria o município de Terra Nova do Norte começou em 5 de julho de 1978, quando chegaram ao lugar 85 famílias em 10 ônibus da empresa Ouro e Prata, procedentes do Parque de Exposições Agropecuárias Internacionais de Esteio, no Rio Grande do Sul, onde estavam acampadas por terem sido expulsas, juntamente com outras centenas de famílias, das terras dos índios caingangues em Tenente Portela, Nonoaí, Guarita, Planalto e Miraguaí, todos municípios gaúchos. Esse grupo foi selecionado por Schwantes para ocupar parte de uma das 10 agrovilas implantadas pela cooperativa que ele dirigia, numa área de 360 mil hectares do Exército Brasileiro, no eixo da BR-163.

A versão oficial diz que a colonização de Terra Nova do Norte somente se tornou possível através de uma parceria do Ministério do Interior, Exército Brasileiro, Governo de Mato Grosso, Governo do Rio Grande do Sul e a Coopercana, para solucionar problema fundiário no Rio Grande do Sul. Porém, quem viveu aquele período ao lado de Schwantes sabe que na verdade somente foi possível ocupar uma área de treinamento dos militares, por intervenção direta do presidente da República, general Ernesto Geisel, que era amigo do colonizador. Havia resistência dos militares, inclusive na área ministerial, mas Geisel abraçou a causa da transferência dos colonos do Sul.

Em 30 de junho de 1978, os colonos que se dirigiam à Terra Nova do Norte passaram por Cuiabá e foram recepcionados pelo governador Cássio Leite de Barros. O líder da caravana sulista, José Almir da Silva, ganhou uma Bandeira de Mato Grosso de Cássio Leite e, a guarda em sua residência até hoje. Depois de cinco dias de viagem da capital até o destino, os primeiros moradores ali desembarcaram e iniciaram a ocupação da área. José Almir presidia o Grêmio Estudantil do Colégio José de Alencar, em Ronda Alta (RS) e foi convidado por Schwantes, em 8 de março de 1978, para coordenar a transferência dos acampados em Esteio. José Almir aceitou o desafio e desde então se transferiu para aquela localidade, onde foi exator, fundou e preside o sindicato rural.

Depois da primeira caravana, outras vieram para Mato Grosso trazendo colonos que estiveram acampados no parque em Esteio. Ao todo, foram transferidas 1.064 famílias. Posteriormente, uma das agrovilas ganhou o nome de Norberto Schwantes. Ele ainda recebeu outras homenagens no município: uma escola e uma avenida na cidade também levam seu nome.

O núcleo urbano de Terra Nova do Norte foi implantado em 1978, numa área de 3 mil hectares, na margem esquerda da BR-163 no sentido Cuiabá-Pará, obedecendo projeto urbanístico elaborado na Alemanha, especialmente para cidade amazônica. Nos primeiros anos da colonização, pioneiros enfrentaram problemas com a malária, precariedade das estradas, falta de saúde, telefone e escola. E a situação se agravou ainda mais com o ciclo do ouro na região – tema tratado no capítulo sobre Peixoto de Azevedo -, o que provocou o desaparecimento da mão de obra para a lavoura e a desistência por parte de muitos parceleiros que optaram pela garimpagem deixando de lado a atividade agrícola.

O primitivo nome da vila foi Terranova e com essa denominação em 21 de novembro de 1981 ela foi elevada a distrito de Colíder, incorporando área de Itaúba, por uma lei de autoria dos deputados Zanete Cardinal e Alves Ferraz sancionada pelo governador Frederico Campos. A emancipação aconteceu em 13 de maio de 1986 com a sanção pelo governador Júlio Campos de uma lei das bancadas do PSD e PMDB aprovada pela Assembleia; ao se emancipar Terranova ganhou o nome de Terra Nova do Norte. O município é sede de comarca.

FOTOS> Boamidia

Apiacás, na tríplice divisa

 

Apiacás

O município no Pontal de Mato Grosso na tríplice divisa com Amazonas e Pará

 

Apiacás integra o rol de cidades colonizadas por Ariosto da Riva no Nortão por intermédio da Integração, Desenvolvimento e Colonização (Indeco), que loteou uma extensa área nas divisas com o Pará e Amazonas. A vila que mais tarde se transformaria naquela cidade foi fundada oficialmente em 15 de maio de 1983. Porém, desde 1979, alguns garimpeiros já trabalhavam em baixões na região.

A proposta de Ariosto, a exemplo do que aconteceu anteriormente na vizinha Paranaíta, era implantar um projeto agropecuário voltado, sobretudo, para a produção de guaraná, cacau, cupuaçu, látex, arroz, feijão e milho. Os primeiros proprietários rurais que chegaram à área se dedicaram à agricultura e, na zona urbana, pequenos comerciantes iguais a Raimundo Moreira, o seo Zelão, se instalaram em rústicas casas de madeira.
Ainda em 1983 garimpeiros descobriram garimpos de ouro em vários pontos do município. A notícia se espalhou e as fofocas arrastaram milhares de aventureiros para o lugar.

Apiacás tornou-se o paradeiro de garimpeiros. A construção civil transformou o lugar num verdadeiro canteiro de obras. Cabarés com lindas mulheres recrutadas em Goiânia e outras capitais permaneciam superlotados e preferiam receber em grama de ouro ao invés da moeda oficial. Aviões mono e bimotores com garimpeiros, compras para o rancho e diesel para os motores que lavavam o cascalho decolavam a todo o instante da pista de terra da vila para as clareiras rasgadas na selva de onde se extraía o metal. Homicídios por motivos fúteis. Shows de rebolado, strip-tease e musicais com artistas de projeção nacional a exemplo de Walter Basso, Rogéria, Roberta Close, Gretchen, Waldick Soriano e Amado Batista eram rotineiros nas casas noturnas.

Uma cidade de forasteiros! Essa era a melhor definição que se podia dar a Apiacás, uma terra que no auge do garimpo era uma babel onde o garimpeiro pobre anoitecia rico e podia amanhecer novamente na pobreza, ou até mesmo ser morto por alguém que simplesmente queria mostrar que tinha coragem para matar o semelhante.

A febre do garimpo passou em 1995, pela queda internacional do preço do grama do ouro, pela dificuldade de sua extração manual e também por injunções da política econômica do governo federal. Os garimpeiros se foram, deixando para trás enormes áreas degradadas, rios contaminados pelo mercúrio e os chamados filhos do garimpo, aqueles gerados por prostitutas e cujos pais jamais serão conhecidos.

Estima-se que 55 mil garimpeiros de todos os cantos do Brasil trabalharam em Apiacás. Com o fim do garimpo, a economia buscou a agricultura, a pecuária e a extração madeireira, mas essa última atividade tem ciclo curto e agora capenga. O município enfrenta problemas agrários com focos de tensão social na luta pela posse da terra. Em fevereiro de 2001, cinco homens, supostamente pistoleiros, foram linchados por posseiros na Gleba Raposo Tavares, onde estavam a serviço do proprietário Euclides Dobri, depois que a Justiça lhe concedeu reintegração de posse da referida área.

A cidade não tem sistemas de captação e tratamento de esgoto, que é lançado em fossas. O lixo urbano é jogado a céu aberto num lixão. Na divisa com o Pará e segundo maior município do Nortão, Apiacás tem 20.453,065 km², com 10.133 residentes, o ID é 0,675 e a renda per capita R$ 12.978,53. A pecuária é o principal sustentáculo da economia,  mas a extração de madeira continua, porém em escala cada vez menor.


A Reserva Estadual Ecológica de Apiacás
, com 100 mil hectares, criada em junho de 1994 pelo governador Jayme Campos, situa-se no ponto mais ao norte do município. A região onde se localiza essa área de preservação permanente é conhecida por Gleba Pontal, por ser o encontro das águas dos rios Juruena, divisa com o Amazonas, e Teles Pires, divisa com o Pará,, que formam o rio Tapajós. Apiacás e um dos divisores das bacias do Teles Pires e do Juruena, e ao mesmo tempo é o ponto de junção desses rios, na tríplice divisa com Amazonas e Pará. No encontro das águas nasce o rio Tapajós.No município de Apiacás a Usina Hidrelétrica São Manoel (UHE São Manoel), no rio Teles Pires, gera 700 MW. 

Isolado da malha rodoviária pavimentada, Apiacás fica a 50 quilômetros da MT-208 que liga Nova Bandeirantes  e Nova Monte Verde a Alta Floresta.

A reserva indígena Apiaka-Kaiabi no município tem 457.242 hectares (ha) e pertence aos apiakas e caiabis. A Funai estuda a criação da reserva Pontal do Apiaka, dos mesmos índios.

INSTITUCIONAL – O distrito de Apiacás no município de Alta Floresta foi criado em 30 de abril de 1986 por uma lei dos deputados Benedito Santiago e Osvaldo Sobrinho e sancionada pelo governador Júlio Campos. A emancipação aconteceu em 6 de julho de 1988 por uma lei do deputado João Teixeira e sancionada pelo governador Carlos Bezerra. Apiacás é sede de comarca.

FOTOS: Boamidia

 

Nova Santa Helena è margem da BR-163

 

Nova Santa Helena
O povoamento da região da então vila de Santa Helena, no município de Chapada dos Guimarães, teve início em 1973, com a BR-163 que cruza o perímetro urbano. Agricultores e pecuaristas abriram fazendas na gleba Atlântica, que anos mais tarde se tornaria vila.

A área urbana surgiu em 24 de março de 1984, no recém-criado município de Colíder, tendo por colonizadora a empresa Comarco, de São Paulo, que atuava na região vendendo áreas desde 1979. O primeiro estabelecimento da vila foi um mercado montado à margem da BR-163 pelo paranaense João Barrichelo. Em seguida, Lázaro Ferreira, que morava em Marcelândia, montou um bar e rodoviária, uma vez que a localidade fica no entroncamento rodoviário da BR-163 com a MT-320, que dá acesso a Alta Floresta.

A igreja da santa que empresta o nome ao lugar

O comércio e a prestação de serviço aos usuários da BR-163 criaram infraestrutura na vila. Surgiram posto de abastecimento, borracharias, oficinas mecânicas, bares, restaurantes, churrascaria, boates e um comércio informal na margem da rodovia para a venda de castanhas do Brasil.

A escolha do nome Santa Helena foi da Comarco. Em 28 de janeiro de 1998 o governador Dante de Oliveira sancionou uma lei do deputado Jorge Abreu criando o município, que foi desmembrado de Itaúba e Cláudia e ganhou o nome de Nova Santa Helena.

A área territorial é de 2.375,578 km², com 3.718  habitantes e a densidade demográfica é de 1,47 habitante por quilômetro quadrado. O IDH é 0,714 e a renda per capita de R$ 40.672,04 e a sede da comarca é Itaúba.

O amanhã de Nova Santa Helena

A água chega aos domicílios, o lixo é recolhido, mas não há rede de esgoto. Algumas vias têm galerias pluviais. Distante 48 quilômetros da cidade, a vila Atlântica tem infraestrutura razoável. O município é um dos divisores das amazônicas bacias do Teles Pires e do Xingu.

A economia de Nova Santa Helena está em seu segundo ciclo. Primeiro foi a extração da madeira, que se exauriu. Depois a pecuária, que agora divide a base econômica com a agricultura.

MEMÓRIA – Roque Carrara, primeiro prefeito, tomou posse em janeiro de 2001. O município tinha por patrimônio público 220 lotes urbanos medindo 10X30 m, cedidos pela prefeitura de Itaúba, que os havia recebido para quitação de tributos da Comarco. Ele, porém, teve problemas, pois parte da cidade não era titulada. Para começar sua frota Nova Santa Helena ganhou uma ambulância doada pelo deputado estadual José Riva.

A agência dos Correios de Nova Santa Helena é franqueada e foi inaugurada em novembro de 2002 pelo ministro das Comunicações, João Pimenta da Veiga, que estava na região por outras razões.

FOTOS: Boamidia

 

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