Em mensagem de áudio divulgada nesta segunda-feira (27), o grupo radical Estado Islâmico (EI) afirmou que irá lançar uma “nova fase” de sua “jihad”, visando especificamente a atingir Israel.
O anúncio foi feito no mesmo dia em que o presidente americano, Donald Trump, recebe seu amigo Benjamin Netanyahu, antes de apresentar um plano de paz regional considerado histórico por Israel, mas rejeitado pelos palestinos.
O novo chefe do EI, Abu Ibrahim al-Hashemi al-Qurachi, está “determinado a entrar em uma nova fase que nada mais é do que combater os judeus e devolver o que roubaram dos muçulmanos”, diz Abu Hamza El-Qurachi nesta mensagem de 37 minutos publicada no aplicativo Telegram.
“Os olhos dos soldados do califado, onde quer que estejam, ainda estão fixos em Jerusalém”, acrescentou o porta-voz do EI.
“Nos próximos dias, se Deus quiser, vocês verão (…) o que os fará esquecer os horrores” do passado, disse Abu El-Qurachi, aludindo a um possÃvel ataque.
A AFP não conseguiu autenticar imediatamente a mensagem, mas a gravação foi transmitida nos órgãos de propaganda habituais do grupo nas redes sociais.
Antes de sua derrota territorial em março de 2019, a organização jihadista chegou a controlar um vasto “califado” autoproclamado, abrangendo SÃria e Iraque, que contavam com sete milhões de habitantes.
O grupo imprimia sua própria moeda, arrecadava impostos e dirigia programas escolares.
Sob o efeito das operações militares combinadas das forças sÃrias e iraquianas apoiadas por seus respectivos aliados, esse vasto território encolheu antes de ser varrido do mapa.
O EI mantém uma presença significativa na SÃria e no Iraque ao redor do rio Eufrates e no deserto adjacente.
O grupo também possui várias filiais na Ãfrica e na Ãsia, que ainda realizam ataques mortais. É atuante, principalmente, na penÃnsula egÃpcia do Sinai, na fronteira com Israel, e que os israelenses ocuparam por 15 anos após a guerra árabe-israelense de 1967.
Nesta segunda-feira, o porta-voz do EI criticou o “plano Trump” sobre a paz no Oriente Médio. “Para os muçulmanos na Palestina e em todo mundo (…) sejam a ogiva da luta contra os judeus”, declarou em sua mensagem.
Ele instou os combatentes do EI, em especial os da SÃria e do Sinai, a transformarem os assentamentos judeus em “campos de testes” para suas armas e “foguetes quÃmicos”.
Hoje, cerca de 600.000 colonos israelenses vivem em assentamentos em Jerusalém Oriental e na Cisjordânia ocupada, com aproximadamente três milhões de palestinos.
Em junho, os Estados Unidos apresentaram o componente econômico de seu plano de paz, que prevê cerca de US$ 50 bilhões em investimentos internacionais nos Territórios Palestinos e nos paÃses árabes vizinhos ao longo de dez anos.
Segundo os palestinos, o plano americano inclui a anexação por parte de Israel do Vale do Jordão, uma vasta área estratégica da Cisjordânia, e assentamentos nos territórios palestinos, além do reconhecimento oficial de Jerusalém como a capital indivisÃvel de Israel.
Desde o reconhecimento, em dezembro de 2017, por Trump, de Jerusalém como capital de Israel, que os lÃderes palestinos cortaram o contato formal com a Casa Branca.
Nesta segunda-feira, o primeiro-ministro palestino, Mohammed Shtayyeh, pediu à comunidade internacional que boicote o plano americano.
Este plano “não passará” e pode até levar os palestinos a uma “nova fase” de sua luta, alertou o lÃder do movimento Hamas, Ismail Haniyeh.
Donald Trump anunciou em 27 de outubro a morte do ex-lÃder do EI Abu Bakr al-Baghdadi durante uma operação no noroeste da SÃria.
Pouco depois, o grupo designou Abu Ibrahim al-Hashemi al-Qurachi como o novo “califa dos muçulmanos”. Este último era desconhecido dos analistas, e muitos duvidavam de sua existência.
A organização agora é chefiada por Amir Mohamad Abdel Rahman al-Maula al-Salbi, disse recentemente o jornal britânico “The Guardian”, citando autoridades de dois serviços de Inteligência não especificados.