Sem PolÃcia Civil. Essa será a situação de 21 cidades mato-grossenses e de um distrito de Cuiabá, a partir da sexta-feira, primeiro de março. A decisão é do governador democrata Mauro Mendes.A justificativa:enxugamento da máquina pública. O mecanismo para o fechamento das delegacias está pronto. A decisão será anunciada em coletiva por Mauro, na véspera do carnaval, que é considerado pelo Palácio Paiaguás como o perÃodo ideal para tanto.
A tecla é a mesma: não há recursos financeiros e a única saÃda, o enxugamento. Sob esse argumento Mauro revelará sua decisão a Mato Grosso. A informação é de uma alta fonte da Secretaria de Segurança Pública, que acompanhou a tramitação dos procedimentos internos para a definição dos municÃpios que serão atingidos. Os estudos foram presididos pelo delegado geral da PolÃcia Civil, Mário Demerval Aravéchia de Resende com supervisão do secretário de Segurança Pública, Alexandre Bustamante.
A mesma fonte acrescenta que no final da semana passada o governador reuniu-se com diretores dos principais veÃculos de Comunicação e pediu que todos afinem o discurso no noticiário, de modo a não levantar a opinião pública contra sua decisão. Governador e empresários do segmento teriam batido o martelo, o caso será tratado com naturalidade e analistas polÃticos dessas empresas, juntamente com formadores de opinião, participarão de uma verdadeira avalanche em defesa da retirada da PolÃcia Civil das 21 cidades e do distrito.
O estudo para o fechamento revela que 104 mil mato-grossenses passarão a viver em municÃpios sem PolÃcia Civil. Essa população corresponde ao número de habitantes de Tangará da Serra, o quinto municÃpio mais populoso de Mato Grosso..
Sem PolÃcia Civil a segurança nas cidades atingidas será feita exclusivamente pela PolÃcia Militar, que não tem prerrogativa de PolÃcia Judiciária. Todo cidadão preso nessas localidades terá que ser encaminhado para uma delegacia de outra cidade, naquela comarca. Com isso surgirá o chamado turismo carcerário.
A estrutura da frota policial da PolÃcia Militar é acanhada e o combustÃvel que a abastece é bem limitado. O número de ocorrências definirá a quilometragem mensal de cada unidade da PM em tais municÃpios.
O facão não exclui nem mesmo cidades na faixa de fronteira, onde o crime transnacional tem forte presença. Pela medida, na região serão atingidas as cidades de Glória D’Oeste e Nova Lacerda, à margem da BR-174 que liga Mato Grosso a Rondônia e Acre.
SUGESTÃO – Um assessor de Mauro teria sugerido que em alguns casos a condução de preso para a delegacia mais próxima seja feita – sempre que possÃvel – por ambulâncias que transportam pacientes para Cuiabá e hospitais regionais. O assessor teria tomado Acorizal como exemplo. A delegacia daquela cidade será riscada do mapa. Sua população atendida pelo Sistema Único de Saúde (SUS) é encaminhada para aSanta Casa de Misericórdia e o Pronto Socorro de Cuiabá. A distância entre as duas cidades é curta: 60 quilômetros, por rodovia pavimentada. O trânsito de ambulâncias é intenso no trajeto e, elas, poderiam transportar pacientes ao lado de presos, desde que devidamente algemados e com a presença de um PM a bordo. O governador teria descartado a sugestão temendo noticiário nacional, que poderia ser altamente desgastante para seu governo e até mesmo criar implicações judiciais.
FECHAMENTO – Nossa Senhora da Guia, no municÃpio de Cuiabá, é o único distrito na lista do fechamento de delegacias. Serão atingidas 21 cidades: Acorizal, Carlinda, Glória D’Oeste, Araguainha, Nova Santa Helena, Novo Mundo, Castanheira, Nova Marilândia, Alto Boa Vista, Santo Afonso, Nova Lacerda, Santo Antônio do Leste, São José do Povo, Ponte Branca, União do Sul, Luciara, Canabrava do Norte, Santa Cruz do Xingu, Novo Santo Antônio, Jangada, Araguaiana e Nossa Senhora do Livramento.
Nenhum municÃpio atingido é sede de comarca. Mas o encolhimento da PolÃcia Civil em algumas cidades aumenta o vácuo daquela instituição em áreas já carentes de segurança. Ao sair dos municÃpios contÃguos de Novo Santo Antônio, Alto Boa Vista e Luciara, o vácuo de polÃcia judiciária será a marca registrada de uma região que se estende também por Serra Nova Dourada e Bom Jesus do Araguaia, onde a mesma já não se faz presente.
O levantamento que leva ao fechamento das delegacias foi anunciado discretamente em 8 deste fevereiro, numa entrevista de Mário Demerval à TV Centro América, mas a Secretaria de Segurança Pública não toca no caso.
Eduardo Gomes – boamidia