Projeção da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) sobre a pandemia do coronavírus em Mato Grosso aponta que o Estado pode chegar a 28 mil casos e 1,2 mil mortes até o dia 10/11 deste mês. Na terça-feira (7), a Secretaria Estadual de Saúde (SES-MT) confirmou 896 óbitos e 23.506 casos. Atualmente, Mato Grosso é o epicentro da doença no Brasil.
Em entrevista ao programa Jornal do Meio-Dia da TV Vila Real, o pesquisador Diego Xavier disse que a situação do Estado é preocupante diante da taxa de ocupação de leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTIS).
“Grandes cidades, que funcionam como polos, já apresentam comportamento de lotação das UTIS. Com isso, o aumento no número de casos, principalmente dos graves, que vai estar demandando esse tipo de atendimento, não vai poder ser realizado. A tendência é que os óbitos acabem aumentando, infelizmente”, disse.
“É bastante importante que a população entenda que é necessário que se fique em casa, use máscara. Quem puder ficar em casa, fique. A gente precisa tomar medidas mais enérgicas neste momento que a doença cresce com velocidade no Estado, porque já estamos no cenário de colapso do sistema de saúde”, alertou.
Diego Xavier acrescentou também que só haverá um ‘respiro’ no sistema de saúde, se a população seguir as recomendações. Sobre a previsão de recuo, ele disse que depende diretamente do comportamento das pessoas e da tomada de decisão dos gestores municipais e estaduais.
“Se as pessoas forem pra rua, todas ao mesmo tempo agora, novamente vamos ter um crescimento muito alto da doença, muitos óbitos e depois o comportamento de descendência. Mas a gente pode controlar esse aumento de casos tomando essas medidas recomendadas de manter distanciamento, usar máscara, abrir o comércio somente o estritamente necessário, porque hoje o Estado atravessa o pior período dessa epidemia”, afirmou.
O pesquisador citou também que o efeito das medidas tomadas é visto após 15 dias. “Um ponto importante da quarentena é que quanto mais ela funciona, mais a população acha que ela é desnecessária. E não é. Tudo que a gente está vendo hoje no Estado de Mato Grosso, é reflexo do que foi feito no passado. Infelizmente no passado foi se fazendo um relaxamento sem cuidado, sem atenção, sem testar a população, sem saber onde o vírus estava circulando, sem rastrear os contatos. Isso trouxe esse cenário que a gente encontra hoje no Estado”, pontuou.
O aumento dos casos, conforme Diego Xavier, está relacionado a falta de planejamento do Poder Público. “Não aumentou a oferta de leitos de UTIS, quando já se sabia que isso ia acontecer no Estado. Infelizmente a doença foi negligenciada pelo Poder Público. No dia 17 de junho foram desabilitados leitos de UTIs nas cidades polos, como Rondonópolis, Cáceres, Sorriso. O repasse foi feito pelo Governo Federal, mas infelizmente os gestores negligenciaram a doença e o repasse foi devolvido”, lamentou.
Dos 23.506 casos confirmados da Covid-19 em Mato Grosso, 12.272 estão em isolamento domiciliar e 9.607 estão recuperados. Entre casos confirmados, suspeitos e descartados para a Covid-19, há 233 internações em UTI e 303 em enfermaria. Isto é, a taxa de ocupação está em 93,2% para UTIs e em 44,5% para enfermarias.