Principal fornecedor dos governos Wilson Witzel e Sérgio Cabral, o empresário Mário Peixoto foi preso na manhã desta quinta-feira, 14, pela Polícia Federal. A ação foi batizada de Operação Favorito, mais um braço da Lava-Jato no Rio. De acordo com as investigações, Peixoto e outros alvos da força-tarefa, entre eles o ex-presidente da Assembleia Legislativa do Rio Paulo Melo (MDB), são acusados de participarem de uma organização criminosa que desviou dinheiro dos cofres públicos em compras superfaturadas na área de saúde.
Ao todo, foram expedidos cinco mandados de prisão e 25 de busca e apreensão pelo juiz da Lava-Jato fluminense, Marcelo Bretas, da 7ª Vara Criminal Federal. A PF atuou em parceria com o Grupo de Atuação Especializada no Combate à Corrupção (Gaecc), do Ministério Público estadual, e o Ministério Público Federal. De acordo com as investigações, o grupo fraudou compras de materiais hospitalares para hospitais de campanha voltados para atender pacientes com o novo coronavírus.
As empresas de Mário Peixoto e de sua família são as principais fornecedoras de mão de obra terceirizada na atual administração de Wilson Witzel. O empresário é ligado principalmente ao advogado Lucas Tristão, secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Energia e Relações Internacionais. Tristão chegou a trabalhar para Peixoto antes de Witzel assumir o governo, em 2019. Nos bastidores, o empresário tem influência em várias secretarias e disputa poder dentro da gestão com o pastor Everaldo Pereira, dono do PSC, partido de Witzel.
Mário Peixoto, no entanto, é um velho conhecido do Palácio Guanabara. Durante anos, ele também ganhou contratos milionários das mãos do então governador Sérgio Cabral, preso na Lava-Jato. O empresário chegou a ser delatado por Jonas Lopes Neto, filho do ex-presidente do Tribunal de Contas do Estado (TCE-RJ) Jonas Lopes. Neto afirmou que Peixoto pagava um mensalão de R$ 200 mil para o órgão, entre 2012 e 2013, como revelou VEJA em 5 de abril de 2017.
Paulo Melo, por sua vez, já havia sido alvo da Lava-Jato. Condenado por corrupção passiva e organização criminosa, o ex-presidente da Alerj ficou preso em Bangu 8, mas desde março deste ano cumpria prisão domiciliar.